Envolvida em uma série de estigmas e preconceitos, a esquizofrenia é um transtorno mental grave que afeta a percepção da realidade, o pensamento e as emoções, e requer intervenção médica especializada e contínua. No entanto, muitos pacientes brasileiros enfrentam barreiras significativas ao tentar obter o tratamento adequado, já que o acesso aos medicamentos de qualidade para a doença ainda não estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde) e, aqueles que não causam efeitos colaterais, são caros e nem todos conseguem comprar.
Em entrevista ao RDtv, o médico psiquiatra de São Bernardo, André Franklin Moreira, afirma que o período pós pandemia proporcionou busca maior pelos cuidados com a saúde mental, mas os reflexos da marginalização e do preconceito voltado para pacientes com esquizofrenia e outras doenças psicológicas ainda existem. “A estigmatização em torno da doença mental, muitas vezes, impede que os pacientes busquem ajuda ou sigam o tratamento de forma consistente. Para aqueles que optam pelo tratamento, trata-se de algo caro e difícil de manter”, diz.
O médico explica que a esquizofrenia é um doença multifatorial que pode ser causada por questões genéticas, desequilíbrios químicos no cérebro, uso constante de drogas e fatores psicológicos e sociais. “Existe um herança genética na esquizofrenia e, deste modo, familiares de primeiro grau de uma pessoa com a doença possuem uma chance muito grande de desenvolvê-la”, explica o médico ao citar que fatores estressores como isolamento social, experiências traumáticas e altos níveis de estresse também podem desempenhar um papel no desenvolvimento ou na exacerbação dos sintomas da doença.
A esquizofrenia é uma condição complexa que pode causar sintomas como alucinações, delírios, pensamento desorganizado, dificuldade de concentração e alterações no comportamento social. Além disso, a doença afeta aproximadamente 1% da população mundial e ocorre na mesma proporção em homens e mulheres.
Moreira acrescenta que a doença ainda não possui cura, mas com o tratamento adequado, acompanhamento psiquiátrico e medicamentos, o paciente pode estagnar a evolução da esquizofrenia e reduzir os sintomas psicóticos. “Pessoas com a doença podem ter uma boa qualidade de vida, desde que tomem os medicamentos antipsicóticos, façam reabilitação, atividades de apoio comunitário e a psicoterapia”.
Outra questão importante do ponto de vista médico é prestar informações aos familiares sobre os sintomas e tratamento da esquizofrenia (psicoeducação familiar). “Isso ajuda não só a prestar apoio a essas pessoas, mas também os profissionais de saúde a manterem contato com a pessoa com esquizofrenia”, finaliza.