A obesidade é pauta constante quando falamos de qualidade de vida e bem-estar. Parte importante desse processo é a alimentação, que por abuso de produtos com altos índices de sal, gordura e açúcar, favorecem significativamente o aumento das estatísticas. Ao RDtv, a nutricionista e presidente da SBAN (Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição), Sueli Longo, explica a importância de debater o assunto e educar a população sobre hábitos de consumo.
Segundo o Atlas da Obesidade 2024, divulgado em março pela WOF (Federação Mundial de Obesidade), até 2035, o Brasil deve ter cerca de 127 milhões de adultos com alto IMC (Índice de Massa Corporal), incluindo sobrepeso e obesidade. A taxa de crescimento anual deve alcançar 1,9%. Em relação as crianças, serão 20 milhões, com uma taxa anual de crescimento parecida, de 1,8%.
Além das estatísticas, a nutricionista chama a atenção para consequências da má alimentação. “Principalmente diabetes e hipertensão, além da própria obesidade, são doenças desenvolvidas com o consumo excessivo de alimentos com alto teor de sal, açúcar e gordura, que inclusive têm acometido não só adultos, mas também crianças e adolescentes”, diz.
Identificando a causa e consequência do aumento dessas doenças, Sueli explica sobre a importância de conhecer os alimentos que ingerimos. “Precisamos entender e conhecer os alimentos que estamos consumindo, sejam eles alimentos frescos ou industrializados, inclusive receitas que preparamos em casa, que são grandes fontes desses excessos”, diz. Segundo ela, além da alta quantidade de sal, açúcar e gordura dos alimentos que se compra no mercado, por vezes as pessoas passam do limite com preparações que fazem em casa, como o excesso de sal no arroz ou salada, ou de açúcar no café ou suco, por exemplo.
Para entender o consumo ideal de açúcar e sal, a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda 10% do total de energia na forma do açúcar, conforme a necessidade diária (a partir do cálculo de calorias gastas no dia para cada indivíduo) e 2000 mg de sódio (5g sal). “A maior dificuldade é educar o nosso paladar. Por vezes, excedemos o limite de açúcar e sal no dia, e cortar boa parte dos alimentos que favorecem esse alto consumo exige muita disciplina”, comenta.
Visando auxiliar as pessoas a entenderem o que de fato estão consumindo, entender os rótulos é a base fundamental. A partir da tabela nutricional (que geralmente se encontra no verso do produto), é possível identificar componentes do alimento em questão, sendo o primeiro da lista o que ele mais possui em sua composição. Além disso, verificar se os alimentos estão na validade é crucial para adquirir um produto isento de riscos em relação a sua vida útil, se atentando a promoções que mercados fazem em vender mais barato com vencimentos próximos.
Apesar de apoiar as iniciativas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), como a inclusão da “lupa frontal” nos rótulos, que indicam o que o produto tem em alto teor, Sueli comenta que o consumo consciente envolve a todos. “Temos de educar as pessoas sobre como entender aquilo que elas estão consumindo e ter essa preocupação. A Anvisa faz a parte dela, mas o consumidor de modo geral precisa se alertar para evitar riscos para o futuro”, diz.