ABC - sexta-feira , 2 de maio de 2025

Humanização dos cães gera complicações futuras nos pets, afirma especialista

Parte da alegria diária de donos de pet, os cachorros são seres que por muito tempo foram considerados apenas um animal de estimação, mas que com o tempo, foi tomando o lugar de membro nas famílias. Essa humanização por vezes reflete pela perspectiva do dono que, assim como explica ao RDtv o estudante de Medicina Veterinária da USCS (Universidade de São Caetano) e especialista em comportamento animal, Gustavo Campelo, pode causar consequências severas aos cães.

Humanizar o modo como se trata um animal, segundo Campelo, é acreditar que todos os sentimentos e necessidades que temos refletirão nos cães, como, por exemplo, na alimentação, nos hábitos, entre outros. “Vejo que essa aproximação do dono com o pet apresenta pontos positivos e negativos. Ao mesmo tempo que vemos as pessoas respeitando mais os direitos dos animais, bem como o próprio avanço da medicina veterinária, percebe-se que muitos donos de pets tiram do cão o que é ‘ser canino’, e não permite que ele tenha autonomia”, explica.

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(Foto: Reprodução/RDtv)

Alguns momentos para os donos parecem ser inofensivos, mas por vezes simbolizam grande estresse aos animais. Um deles é quando o pet está esperando o dono chegar, e assim que o encontra, pula e se anima. Segundo o especialista, através da ótica humana, esse momento se torna algo voltado a felicidade. Porém, para alguns animais, esse momento pode ser de extrema ansiedade, gerando complicações como a Síndrome de Ansiedade e Separação, que envolve a ansiedade persistente e intensa sobre se estar longe de casa ou separado de pessoas com as quais o pet tem apego.

Há casos em que os tutores mudam a rotina, seja por passarem mais tempo longe de casa ou mesmo com a chegada de um novo membro na família. Campelo indica que, no primeiro caso, é importante que o dono do pet eduque desde sempre o cão a ter independência, para que quando ocorra a ausência ele saiba o que fazer, como tomar banho e fechar a porta do banheiro e ficar mais tempo ausente para o cachorro se acostumar.

Já nos casos em que a família ganha um bebê, por vezes os pets podem se sentir abandonados por não serem mais o destaque naquele momento. “Nesse caso, é importante que o cachorro saiba que ele não está sozinho. Gradativamente, o dono pode ensinar que existem outras pessoas com quem ele pode se relacionar e que mesmo ele não sendo mais o ‘reizinho’, ainda é importante para aquela família”, diz o especialista.

Acima de qualquer orientação, Campelo sugere que o dono entenda o valor de sua relação com o pet. “Claro que é divertido ter um membro na família como um cachorro para nos alegrar. Porém, temos que ser cautelosos para entender que os cães têm seus próprios sentimentos, desejos e hábitos, que devem ser respeitados a fim de preservar sua natureza canina”, comenta.

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