Dados do SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo) apontam que 61% dos hospitais privados do Estado de São Paulo registraram aumento de internações em razão da dengue. Essa realidade, que também acontece no ABC, é espelhada em hospitais públicos e acomete principalmente pessoas dos 30 aos 50 anos, assim como explica ao RDtv, Francisco Balestrin, médico e presidente do SindHosp.
A pesquisa foi realizada entre os dias 1° e 10 de abril, considerando 95 hospitais da rede privada do Estado, correspondendo a 25% da rede hospitalar ao todo. No ABC, foram considerados 11 hospitais. “Comparando o Estado com a região, há muitas semelhanças. Seja pelo número de internações, a faixa etária predominante e o período de internação, o que mostra a relevância do ABC nesse levantamento”, comenta Balestrin.
Alguns dos fatores que sugerem o aumento das internações, segundo o médico, envolvem diretamente as altas temperaturas que acometeram a região recentemente, bem como períodos convidativos para amplo convívio social, como o Carnaval, em fevereiro. Ele observa que, apesar das circunstâncias, quando comparada com a Covid-19, os números de diagnósticos e internações da doença viral caíram. Em contrapartida, os casos de dengue tiveram alta. “Com a chegada do outono, é possível que as ocorrências de dengue despenquem, pelo fato do agente transmissor não se comportar bem no frio”, diz.
Segundo o SindHosp, cerca de 80% dos internados por dengue correspondem a faixa etária dos 30 aos 50 anos. Isso porque, segundo Balestrin, são pessoas que tendem a sair mais e frequentar lugares possíveis de foco de criadouro da dengue. Diferente dos mais jovens, estes entre os 10 aos 14 anos, já são vacinados com duas doses, causando pouca relevância nos dados. Além disso, a pesquisa indica que em hospitais privados a demanda é grande, porém controlada, ao contrário de hospitais da rede pública, como as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), nas quais existe alta demanda por conta de pessoas que não possuem nenhum tipo de plano de saúde.
Por isso, que diante de casos da rede pública, existem casos de pessoas prejudicadas por diagnósticos realizados incorretamente. “A realidade é que a pluralidade de sintomas prejudica o diagnóstico. Nos hospitais públicos, acontece de não ser feita a metodologia correta para o diagnóstico da dengue, bem como um tratamento eficaz para recuperar o paciente”, explica o médico. Dor de cabeça, manchas e dores no corpo e cansaço são sintomas da dengue que conflitam com outras doenças.
“As prefeituras da região fazem um bom trabalho em conjunto com a Secretaria de Saúde. Acredito que precisamos ainda divulgar mais informações sobre maneiras de se cuidar e prevenir a doença, pois a saúde é um dever de todos nós”, comenta Balestrin.