A qualidade do sono é importante para repor energias e regular o metabolismo, fatores essenciais para manter o corpo e a mente saudáveis. Porém, quando uma noite de sono é interrompida por roncos graças a apneia, é importante se atentar a fim de evitar prejuízos a longo prazo. É o que explica o otorrinolaringologista do Hospital Santa Casa de Mauá, Thiago Brunelli, em entrevista ao RDtv.
Entre as principais causas de uma noite de sono mal dormida estão o ronco e a apneia. Em definição, a apneia é a obstrução das vias aéreas (nariz e garganta) que causa dificuldade para respirar, sendo que cada episódio pode durar até 10 segundos. Já o ronco é a vibração das vias aéreas e ocorre em razão do impedimento da passagem de ar, que pode ser provocado pela apneia. No Brasil, cerca de 72 milhões de pessoas não dormem bem, segundo estudos da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Brunelli comenta que também é importante saber a diferença entre apneia e ronco. Segundo o especialista, a apneia pode ter origem em diversas regiões do corpo que dificultem a passagem do ar, ocorrendo principalmente pelo nariz, com desvios no septo ou pela carne esponjosa, por exemplo. “A apneia é uma doença multifatorial que exige um diagnóstico preciso para cada caso”, diz. Ele reforça que, a longo prazo, eventos como infarto, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e morte súbita se tornam possíveis graças a falta do diagnóstico precoce da apneia, bem como ao início do seu tratamento.
Para tratar pacientes que sofrem com os distúrbios, o especialista explica que o tratamento mais utilizado é com o CPAP – Continuous Positive Airway Pressure (Pressão Positiva Contínua em Vias Aéreas, em português).
O CPAP é um equipamento que tem objetivo de vencer a obstrução que dificulta a respiração, pois a partir da pressão do ar, o paciente que utiliza tem uma respiração mais limpa, o que permite um sono de maior qualidade. “Além do CPAP também temos as cirurgias, que são tão efetivas quanto. Cada caso deve ser avaliado da maneira correta para que seja indicado o melhor tratamento, pois há casos que o uso do equipamento já é suficiente”, diz Brunelli. Apesar de eficiente, o CPAP não é recomendado para pessoas que possuem resistência para aguentar a pressão feita pelo equipamento, que recorrem à cirurgia.
Em seu consultório, o especialista comenta que parte dos seus pacientes estão acompanhados por seus parceiros ou familiares. “A realidade é que o ronco, proveniente da apneia, prejudica todo o convívio. No meu consultório, é comum que pais cheguem com os seus filhos, o que mostra como a má qualidade do sono não afeta somente quem tem, mas todos ao redor que convivem com a pessoa”, explica.