Diadema está entre os seis municípios do Brasil que implementa de forma efetiva a Lei 10.639/03, que institui a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira na educação pública e privada brasileira. Isso é que constata pesquisa realizada pelo Geledés Instituto da Mulher Negra e Instituto Alana e lançada nesta terça-feira, 20 de fevereiro.
As conclusões do estudo ‘Lei 10.639/03 na prática: experiências de seis municípios no ensino de história e cultura africana e afro-brasileira’ nasceram de extensa pesquisa de campo, que envolveu, entre outras ações, a análise de 1.187 Secretarias Municipais de Educação. Também foram realizadas entrevistas com mais de 60 profissionais de educação das seis redes em que se constatou a implementação de boas políticas educacionais antirracistas: além de Diadema, Belém (PA), Cabo Frio (RJ), Criciúma (SC), Ibitiara (BA) e Londrina (PR).
A iniciativa atende, em média, 15 mil estudantes da Educação Infantil e 12 mil do Ensino Fundamental da rede pública da cidade com uma hora de aula por semana sobre história e cultura afro-brasileira e indígena. A obrigatoriedade semanal da aula é um dos diferenciais do Dandara e Piatã, assim como a formação e seleção dos professores, que trabalham esses temas junto às crianças por meio de jogos, brincadeiras, leituras e atividades culturais, o que ajuda a engajar os estudantes.
Incorporar preocupações antirracistas nas redes de ensino, institucionalizando essas políticas é, inclusive, um dos fatores, de acordo com a pesquisa, a tornar a implementação da Lei 10.639/03 efetiva na prática, ou seja, um instrumento que de fato valorize as culturas africana e indígena. Outros fatores que as seis redes mencionadas no estudo, inclusive Diadema, têm em comum são: previsão orçamentária para o cumprimento de ações relacionadas à implementação da Lei; regulamentação em nível municipal para aproximar a lei federal da realidade do território brasileiro; iniciativas realizadas pelas escolas com constância, e não apenas em datas comemorativas ou em casos de racismo; uso de materiais didáticos que estejam de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais; formação de professores e demais profissionais da educação que atuam diretamente na comunidade escolar; entre outras ações.
Apesar de ter sido sancionada há 20 anos, a implementação de forma estruturada e contínua da Lei 10.639/03 nas redes municipais de ensino ainda é precária no Brasil, segundo o estudo realizado pela Geledés Instituto da Mulher Negra e Instituto Alana. A pesquisa constatou que 71% dos municípios analisados não cumprem a lei, realizando pouca ou nenhuma ação para efetivá-la.