Dengue cresce 600% no ABC e nem aumento das ações freia proliferação do mosquito

Equipe do Centro de Controle de Zoonoses de Ribeirão Pires realiza durante toda a semana atividades de conscientização e prevenção (Foto: Divulgação/PMETRP)

Em todo o ABC o número de vistorias e visitas em imóveis residenciais, comerciais e até abandonados para localizar e combater criadouros do mosquito Aedes Aaegypti aumentou no último ano, porém os casos de dengue continuam a subir. A alta foi de 603% no número de casos comparando janeiro do ano passado com janeiro deste ano.

O número de casos cresceu sete vezes em Mauá, passou de 4 para 27, comparado janeiro do ano passado com o mesmo período deste ano; quatro vezes em Ribeirão Pires, que registrou quatro casos no mês passado; em Santo André o número de casos se multiplicou por 10, passando de 12 para 118 casos e em São Bernardo os casos aumentaram 19 vezes, de 4 para 78 casos.

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Em número de casos, as cidades que tiveram queda de diagnósticos de dengue foram Diadema, de seis para quatro (comparados os meses de janeiro) e São Caetano de seis casos registrados no ano passado para um caso em janeiro de 2024. A prefeitura de Rio Grande da Serra não informou.

Os municípios aumentaram o número de fiscalizações ao passo que as denúncias de focos do mosquito também cresceram. Em Diadema, foram 4.134 vistorias em janeiro de 2023 e 4.841 no mês passado, uma alta de 17,1%. Ribeirão Pires aumentou as operações contra o mosquito em 55,4% passando de 148 vistorias para 230. São Bernardo elevou de 49.820 vistorias no primeiro mês do ano passado, para 61.938 visitas a imóveis e locais suspeitos de terem criadouros, alta de 24,4%. São Caetano também aumentou em mais de 370% as vistorias, comparados os meses de janeiro, de nove para 43 vistorias.

Santo André também mais do que dobrou o número de vistorias. Em janeiro de 2023 foram realizadas 2.427 visitas a domicílio e em janeiro de 2024 foram 5.768 visitas. Mauá informou que fez 380 mil visitas em 2023 e em janeiro deste ano já foram feitas 15 mil vistorias.

Bairros

A pedido do RD as prefeituras também informaram quais foram os bairros com maior incidência de focos do mosquito. São Caetano informou que a distribuição é uniforme por toda a cidade; em Santo André, em 2023 os bairros Campestre e Vila Palmares apresentaram mais criadouros.

Em Diadema os bairros com maior infestação são Inamar e Eldorado, na região sul da cidade. Em São Bernardo o número de bairros é maior. “Os bairros com maior incidência de criadouros do mosquito Aedes aegypti, foram Taboão com 792 larvas, Pauliceia com 945, Alvarenga 564, Baeta Neves 632 e Assunção com 426. No total, foram coletadas 6.687 larvas, durante o ano de 2023. A infestação foi controlada, vale ressaltar que o número alto de larvas coletadas, significa que criadouros foram eliminados”, explicou a prefeitura.

Mutirões de combate ao mosquito Aedes aegypti em São Bernardo. (Foto: Omar Matsumoto/PMSBC)

Mauá vai concentrar forças nos bairros de maior incidência. “O combate à transmissão da dengue em Mauá, neste sábado (03/02), durante todo o dia, vai concentrar o trabalho de 32 agentes comunitários de endemias, que atuam no Controle de Zoonoses, na região dos jardins Feital, Itapark e Kennedy. Estes locais apresentam importantes registros de suspeitas de casos de dengue. Será realizado um grande mutirão, de casa em casa, em todo o território de abrangência das três unidades básicas de saúde dos referidos bairros”, informa a Prefeitura, em nota.

Quintais
Segundo a Prefeitura de São Caetano, 80% dos casos os mosquitos são encontrados dentro de residências, portanto a estratégia de informação à população pode dar mais resultado do que somente atacar os criadouros.

Para o médico infectologista e professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Juvêncio Furtado, a estratégia de combate à doença deve se balizar em campanhas de conscientização, já que o mais importante é que as pessoas cuidem dos seus quintais e verifiquem também ameaças na vizinhança. “O combate não é só agora que os casos estão surgindo com mais frequência, o combate ao mosquito tem que ser o ano inteiro, com campanhas porque a população relaxa”, analisa.

Para o médico, a população tem de ser alertada sistematicamente sobre como evitar os criadouros do Aedes aegypti que, além da dengue, transmite também chikungunya e zika vírus. “O controle foi relaxado, por isso os casos aumentaram. Todo ano tem surto e mortes por dengue, então temde falar sobre isso o tempo todo e a gente não vê isso e as pessoas esquecem”, continua o especialista.

Juvêncio Furtado é infectologista e professor na FMABC. (Foto: Reprodução RDTv)

Juvêncio Furtado diz que os casos mais graves acometem os imunossuprimidos, idosos e crianças. “Tem muitos sintomas que são similares a outras doenças, mas no momento é a dengue que está vigendo no momento então tem de se preocupar. Os sintomas são como os gripais, mas sem coriza, dor nos olhos, e manchas pelo corpo, vômito e dor de cabeça intensa”, explica.

Tratamento

Em geral os sintomas podem ser tratados em casa, porém há alguns que merecem muita atenção e são sinais de que o doente precisa ser levado ao médico com urgência. “Se houver dor abdominal ou sangramento o paciente deve procurar um médico rapidamente”, orienta Juvêncio Furtado.

Quem mora em regiões com muita ocorrência de dengue pode ter situações mais agravadas, isso porque se o indivíduo for infectado seguidamente poderá ter uma forma mais grave da doença. “Nesse caso há uma possibilidade maior da dengue ser mais grave, porque são quatro subtipos diferentes, se a pessoa pega um tipo diferente enquanto ainda está se recuperando e tem uma carga elevada de anticorpos, isso pode ocasionar um agravamento”, completa o médico da FMABC.

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