Programa Desenrola Brasil não deve resolver problema da inadimplência no ABC

Dados divulgados pela CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de São Caetano mostram que a inadimplência segue em alta no ABC, com crescimento de 8,82% em outubro deste ano, na comparação com o ano passado, e de 1,34% na passagem entre setembro e outubro de 2023. Uma das alternativas para reduzir o índice de devedores é o Desenrola Brasil, programa do governo federal que renegocia dívidas e estimula o consumo, mas sem ações de educação financeira, a projeção da CDL é que a medida falhe no ABC.

Para se ter ideia, o número de devedores com participação mais expressiva na região, em outubro deste ano, foi o da faixa de 30 a 39 anos (25,18), sendo destes 50,39% mulheres e 49,61% homens. Neste cenário, cada consumidor devia, em média, R$ 5.274,46 na soma de todas as dívidas, sendo 26,10% dos consumidores com dívidas de até R$ 500 e percentual que chega a 38,19% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000.

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(Foto: Reprodução/CDL São Caetano)

O presidente da CDL São Caetano, Alexandre Damásio, comenta que este índice pode aumentar ainda mais sem que haja uma ação de educação financeira para evitar que os consumidores voltem a ser negativados. “A educação financeira é igual um exercício físico, é preciso começar a fazer e seguir pela vida toda para conseguir bons resultados”, afirma ao salientar que o Desenrola Brasil não possui um “instrumento efetivo” para esse tipo de ação, o que pode trazer prejuízos para quem vive no ABC.

Damásio lembra, ainda, que na região, as maiores dívidas são diretamente com as instituições financeiras. “Estamos em um patamar de 70% de dívidas com os bancos”, comenta. Ainda que o programa renegocie dívidas ou realize empréstimos, o presidente da CDL considera essencial olhar para o futuro a fim de que o devedor não volte a se complicar financeiramente. “Uma vez que o devedor reparcelou suas dívidas e/ou readequou sua vida financeira, ele pode voltar a comprar com crédito, e isso é o maior complicador”, alerta.

Na visão de Damásio, o programa deve despejar no mercado diversas pessoas sem capacidade de entender sua própria realidade econômica e, assim, só aumentar o índice de inadimplentes no País. “O programa trouxe para o mercado uma série de inadimplentes que vão voltar a consumir, fazer parcelas e formar novos cenários que podem ser muito perigosos a partir de 2024”, alerta.

Desenrola Brasil

As instituições financeiras de crédito oferecem, desde julho deste ano, a renegociação de dívidas para a Faixa 2 do Desenrola Brasil. Segundo o Ministério da Fazenda, cerca de 30 milhões de brasileiros podem se beneficiar nesta etapa.

O programa abrange a população com renda de dois salários mínimos (R$ 2.640) até R$ 20 mil por mês. As dívidas podem ser quitadas nos canais indicados pelos agentes financeiros e poderão ser parceladas, em, no mínimo, 12 prestações. Também é necessário ter sido incluído no cadastro de inadimplentes até 31 de dezembro de 2022.

Nesta fase do programa também serão retirados do cadastro de devedores, os nomes de quem tem dívidas até R$ 100. Segundo o Ministério da Fazenda, com essa medida cerca de 1,5 milhão de pessoas deixarão de ter restrições e voltarão a poder ter acesso ao crédito. Saiba mais: https://desenrola.gov.br/home

Potenciais beneficiários

De acordo com o Ministério da Fazenda, são aproximadamente 456 mil potenciais beneficiários do Programa – Faixa 1 no ABC, sendo:

Diadema 90.674
Mauá 78.242
Ribeirão Pires 16.923
Rio Grande da Serra 8.807
Santo André 108.268
São Bernardo 136.221
São Caetano 16.805

Importante destacar que o total não representa o número de pessoas que já procuraram o programa, mas sim o número de pessoas que possuem dívidas aptas a serem renegociadas por meio da Plataforma do Programa (Faixa 1).

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