Bandidos aproveitam temporada de férias para invadir casas para furto

Polícia Militar informa que já trabalha com o efetivo reforçado para o fim de ano. (Foto: Reprodução)

Furto é a modalidade de crime em que os bens da vítima lhe são subtraídos na sua ausência ou sem que ela perceba. No fim de ano os furtos a residência aumentam, porque as pessoas não estão em casa por motivo de viagem. Especialistas ouvidos pelo RD dizem que antes de sair para aproveitar as férias os moradores devem prover a casa de aparatos de segurança, como grades, trancas reforçadas, cercas, alarme e câmeras, que são formas de tornar a ação dos criminosos mais difícil.

“Se existe alguma racionalidade no crime, o bandido que tem duas casas como opção para seu ataque, vai preferir aquela que tem menos segurança, que está mais vulnerável”, orienta o professor de Direito e coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), David Pimentel Barbosa de Siena.

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Os bandidos são criativos, há um truque muito usado em que o criminoso joga no quintal uma garrafa pet ou outro objeto e um ou dois dias depois ele retorna a passar diante da casa, se o objeto ainda estiver lá significa que a casa está vazia. Uma outra técnica usada pelos bandidos é fazer um pedido de pizza com endereço de entrega da casa que eles pretendem atacar, aí o motoboy chega para fazer a entrega, toca a campainha diversas vezes, espera e se ninguém atender é outra confirmação de que não há ninguém.

No início do mês uma residência no bairro Baeta Neves, em São Bernardo, foi invadida por um homem que tentou furtar objetos da casa. Ele teve acesso ao quintal pulando um muro depois arrombou uma das portas para entrar no imóvel. Ele já se preparava para fugir com diversos objetos quando ao pular o muro para fora foi surpreendido por policiais militares. Ele acabou detido, no quintal da casa objetos de valor, como televisores estavam separados para serem levados.

A casa vazia é uma janela de oportunidade para a prática de furtos. Para evitar uma surpresa desagradável ou mesmo antecipar emergencialmente a volta para casa o morador deve investir na segurança. “A gente chama de ofendículos, hoje tem todo um mercado para isso, são soluções tecnológicas de monitoramento eletrônico, alarmes, sistemas de iluminação automatizados, consertinas (tipo de arame farpado), lanças, grades, enfim todo esse aparato e isso vale tando para quem mora em residências como em condomínios também. Isso não deve ser considerado um gasto e sim um investimento. Se o bandido tem duas vai adentrar naquela mais acessível, com menos obstáculos”, orienta.

Mas não é só por grade e alarme, tem que conversar com os vizinhos, orienta o especialista em segurança pública. “Tem que pensar em outras questões que estão no senso comum, a primeira delas é a questão da relação dessas pessoas com o seu bairro. Lugares onde há um maior senso de comunidade, onde as pessoas são mais integradas, se envolvem mais com a sua rua, são bairros mais seguros. Tem, por exemplo, os programas de vizinhança solidária, que é proposto pelas polícias. Esses moradores criam grupos de whatsapp para se comunicarem e quanto mais integrada for a comunidade melhor. Claro que isso não vai acabar com o crime, mas é bem importante que as pessoas se envolvam, conversem com seus vizinhos”, destaca.

Cobrar dos poderes públicos e concessionárias situações que podem estar indiretamente ligadas à segurança também é outro fator que ajuda. “Uma árvore que precisa de poda porque sua copa está bloqueando a iluminação é um exemplo, outro é comunicar uma lâmpada de poste queimada. Esses são fatores que contribuem para a segurança do bairro, mas principalmente o contato com os vizinhos é o mais necessário. As pessoas precisam ser parceiras dos vizinhos, sempre vai ter um que não vai viajar, que vai estar lá e também é importantíssimo os moradores da rua criarem um grupo de whatsapp”, completa Siena.

Em nota, o CPAM-6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitana) que responde pelo ABC, diz que está com o efetivo reforçado. “A Dejem (Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar) somará força aos demais programas de policiamento, como Força Tática, Rocam (Rondas Ostensivas Com Apoio de Motocicletas), das Bases Comunitárias Móveis e rondas de apoio, além da expressiva presença das equipes do 6º BAEP (Batalhão de Ações Especiais de Polícia). Com a proximidade do final do ano, são organizadas operações nos batalhões das sete cidades da região, enfatizando a atenção para residências que, devido férias dos moradores, demonstram estado de desocupação (acúmulo de folhas, luzes acesas durante o dia, acúmulo de correspondência e etc)”.

A PM informa ainda que há um empenho no combate a roubos e furtos em geral também nos centros comerciais, por conta do aumento do fluxo de pessoas para as compras de Natal. A corporação também citou o Programa Vizinhança Solitária como um meio eficiente de organização. “O Programa Vizinhança Solidária é uma das mais eficientes ferramentas de Polícia Comunitária voltada para a mobilização social e seu escopo baseia-se na interação humana e potencialização das relações interpessoais de uma comunidade, causando sentimento de pertencimento e a consequente melhoria da segurança”.

Ainda segundo a PM houve redução do índice de furtos no ABC de janeiro a outubro deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior. “Cabe enfatizar que a participação da população, através do Programa Vizinhança Solidária e dos telefones 190 (Emergência) ou 181 (Disque Denúncia), configura-se como fator fundamental no processo de combate à criminalidade.

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