A pandemia da covid-19 ainda mostra as consequências, mesmo após o retorno da normalidade. Em entrevista ao RDtv, o médico ginecologista obstetra, mastologista e diretor técnico do Hospital da Mulher de São Bernardo, Rodolfo Strufaldi, aponta o aumento do número de diagnósticos de câncer de mama devido ao período em que as mulheres não puderam fazer os exames de rotina.
A percepção do mastologista aparece após verificar uma maior incidência da doença nas pacientes que procuram o equipamento especial. Strufaldi conta que a cada semana o Hospital da Mulher atende 60 pacientes com algum tipo de suspeita de diagnóstico, inclusive com atendimento de mulheres de fora de São Bernardo através do SUS (Sistema Único de Saúde).
Com o necessário distanciamento social na fase mais aguda da pandemia e o consequente impedido em realizar os exames básicos, como a mamografia, o número de diagnósticos da doença aumentou, inclusive em situações mais graves.
Segundo os dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2022 a estimativa é que foram feitos 66.280 diagnósticos de câncer de mama no Brasil, assim criando uma incidência de 43,74 para cada 100 mil habitantes. Em São Paulo, a estimativa é de 18.280 diagnósticos, uma incidência de 78,19 para cada 100 mil habitantes no Estado.
Apesar da alta dos números, o médico aponta que a evolução nos exames e tratamentos potencializaram as chances de cura da doença. “Eu peguei um momento há alguns anos quando eu fiz Ginecologia e depois Mastologia, em que os tratamentos eram muito mais radicais do que aqueles que temos feito ao longo dos últimos 20 anos. Houve uma mudança muito grande tanto no diagnóstico quanto na maneira de se tratar as pacientes”, explica.
Menos invasivo possível
Strufaldi aponta que há alguns anos, independente do tamanho do nódulo ou mesmo da gravidade, a extração total da mama era o recomendado. Atualmente, o tratamento busca o formato menos invasivo possível, inclusive criando facilidades para a reconstrução da mama. A base é que quanto mais rápido for feito o diagnóstico e menor for o nódulo, menor será a área da mama a ser retirada.
Por isso, segue a recomendação do autoexame. Caso algo estranho seja detectado pela paciente, a Unidade Básica de Saúde deve ser contactada para as primeiras avaliações. A mamografia deve ser feita uma vez por ano para mulheres entre 50 e 69 anos. Além das demais avaliações. O médico aponta que, apesar do diagnóstico ser encarado de maneira ruim, hoje existe uma equipe multidisciplinar que acolhe a paciente e ajuda a explicar que não é uma sentença de morte e que há cura.