A presidente da AESP (Associação das Escolas Particulares do Grande ABC) e diretora do Centro Educacional Paineira, Oswana Fameli, fez um apelo nesta terça-feira (03/10), durante participação no RDtv, para que os profissionais de Educação sejam mais valorizados e que se tenha maior atenção para a sua formação. A educadora demonstrou preocupação o futuro da categoria.
O apelo surgiu após ser questionada pela reportagem sobre uma possível preocupação com a falta de professores no futuro, algo que está em debate no Poder Público. “Faço um apelo, um apelo para que olhem com carinho a formação dos professores. Para que quem pode escrever leis de formação que escrevam, que incentivem e que valorizem. Tenho pavor de pensar que temos profissionais de Educação cada vez mais raros, que sejam competentes, que sejam transmissores daquilo que de fato precisa a nossa sociedade”, iniciou.
“Eu costumo dizer que professor não transmite só conhecimento, ele se transmite como pessoa. A nossa formação e valorização do profissional de Educação é muito defasada, é muito. Não só no Poder Público, eu penso que a sociedade como um todo carece de bons e grandes profissionais que recebam condições de devolver para o seu aluno aquilo que eles precisam saber, que precisam aprender”, seguiu.
Sobre o tema, a Câmara dos Deputados analisa o projeto de lei 349/22, do ex-deputado federal Chico D’Angelo (PDT/RJ), que visa instituir a Política de Formação e Aperfeiçoamento de Professores da Educação Básica, a partir de bolsas de estudos para pós-graduação nas instituições federais de ensino superior (Ifes). A ideia de que 20% das vagas obrigatoriamente sejam reservadas para professores da rede pública da educação básica.
A propositura já passou pela Comissão de Educação. Em setembro último chegou na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, e aguarda definição de data para avaliação do parecer da comissão anterior.
Outra preocupação de Oswana está com a recuperação da geração de alunos que ficaram longe dos bancos escolares durante a fase mais grave da pandemia do Covid-19. A educadora aponta que o que foi perdido neste período “não se recupera mais”, pois considera que existam três pontos que precisam ser avaliados em curto, médio e longo prazo para tentar reduzir os danos.
O primeiro ponto é o debate sobre o currículo que é apresentado, inclusive levando em conta a formação dos professores. A segunda situação é o cuidado com a saúde mental. O terceiro ponto é a readaptação ao convívio, principalmente para os mais novos que muitas vezes não compreendiam os motivos para ficar em casa.
Quantificação
Outro ponto debatido na entrevista é a “quantificação da educação”, principalmente por escolas que buscam usar os dados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como forma de marketing para as suas instituições. Oswana considera que as escolas deveriam se ater a qualificação do que é ensinado e como o aluno está saindo das salas de aula.
“Eu, particularmente, sou contra a formação de um ranking na Educação, porque na Educação ele (ranking) é muito intangível aos olhos de quem não atua dentro dela. Quando a gente propõe um ranking, a gente propõe algumas respostas que nem sempre são verdadeiras, nem sempre atendem as mesmas crianças e os mesmos adolescentes nos mesmos momentos”, explica.
Desde 2017 o ranking por instituição realizado pelo desempenho dos alunos no Enem foi abolido. A motivação foi o uso dos dados em forma de propaganda determinadas instituições. Além disso, os números não eram completos, pois escolas que não forneciam dados dos pais ou responsáveis pelos alunos não entravam nessa lista.