
Representantes da Indústria Química, das prefeituras da região, do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, das universidades e deputados estaduais participaram de um simpósio denominado “O Futuro da Indústria Química no ABC”, organizado pela Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. No encontro desta segunda-feira (02/10), houve a escuta dos empresários e o debate sobre as demandas mais urgentes, entre elas, a busca por formas de proteção do setor e entendimentos sobre o entorno do Polo Petroquímico.
Segundo dados apresentados por André Passos, presidente da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química, o setor no Brasil vem sofrendo muito com o aumento do número de importações de produtos químicos, fruto da abertura criada nos últimos anos pela União. A estimativa é que R$ 2 bilhões deixaram de ser arrecadados em impostos por causa deste cenário.
Outro ponto apontado como “vilão” deste processo é a consequência de uma série de ações que ocorreram nos últimos anos, entre elas, a pandemia do Covid-19, a guerra entre Rússia e Ucrânia, e a movimentação de proteção de alguns países, principalmente na Ásia, que investiram no setor e realizaram ações que reduziram as importações de produtos químicos.
Para o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT), presidente da Frente Parlamentar em Apoio à Indústria Química e Farmacêutica do Estado de São Paulo, tal cenário é consequência de um processo de desindustrialização no Brasil.
“O grande vilão desse processo foi a desindustrialização que se deu no País. Sobretudo nos últimos sete anos, o Brasil passou por um momento de desindustrialização onde a indústria do agronegócio foi privilegiada e todo o resto da indústria foi praticamente desmontada”, apontou o parlamentar que estava acompanhado de outros dois representantes da Frente, Ana Carolina Serra (Cidadania) e Rômulo Fernandes (PT).
O secretário executivo do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Mário Reali, apontou que a queda da indústria química também ajudou na queda de arrecadação dos municípios, principalmente em relação ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
“Os prefeitos também estão mobilizados, porque o Polo gera uma cadeia de valor na embalagem, nos insumos do setor automobilístico, ou seja, você tem toda uma cadeia decorrente do setor da indústria química. Temos que de alguma maneira proteger a economia”, seguiu.
“A indústria química, assim como as demais indústrias, sofreu devido a abertura de importações. O último governo (federal) abriu as importações para diversos setores e criou alguns monstros. Existe um mecanismo chamado Ex-Tarifário que tira a tarifa de importação quando você não tem um produto similar nacional. O governo passado, além do similar nacional, colocou preço e prazo, e criou uma monstruosidade”, apontou Aroaldo Silva, presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico.
Demandas
Tanto os empresários quanto os entes públicos apontam a necessidade da criação de mecanismos nacionais que possam realizar essa proteção, além de investimentos em tecnologia e formação de mão de obra especializada. Outro ponto é a busca pelo reconhecimento estadual do Polo Petroquímico;
O reconhecimento pode ajudar em uma outra pauta debatida no evento: o adensamento no entorno do Polo Petroquímico. A região quer convencer o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), em evitar a construção de um condomínio com prédios de 18 andares, ao lado do Polo. Tal fato pode gerar debates sobre a questão de poluição e segurança. O temor é a necessidade da saída de empresas do Polo devido a construção.
A ideia é investir no Conselho Metropolitano como forma de arbitrar um cenário que possa evitar tal construção. A ideia é que o Plano Diretor da Capital siga o que já foi acordado para os projetos debatidos em Mauá e Santo André, ou seja, criar um raio no entorno do Polo Petroquímico para que se evite a construção de habitações verticais.