
Os cerca de 3 mil trabalhadores da Bridgestone, em Santo André, foram convocados para uma assembleia na segunda-feira (25/09), organizada pelo Sintrabor (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Artefatos de Borracha da Grande São Paulo) para dizerem se aceitam ou não o lay off colocado pela empresa. Se a proposta for aceita pela categoria a fábrica vai parar uma parte da produção a cada três meses, durante um ano. Serão quatro grupos de 402 trabalhadores afastados a cada período totalizando 1.408 operários envolvidos. Se não for aceita haverá demissões.
O lay off significa a suspensão do contrato de trabalho, mas está sendo negociado um conjunto de benefícios para os trabalhadores afetados, entre os benefícios estão o pagamento de meio salário durante o afastamento e a continuidade dos convênios médico e de farmácia, vale compras de R$ 1.250 por mês, pagamentos integrais de PLR (Participação nos Lucros e Resultados), 13° e 14° salários e férias, além de estabilidade no emprego de três meses após o retorno e ainda cursos no Senai para todos os envolvidos. A assembleia está marcada para as 14 horas e vai acontecer na subsede do sindicato que fica na rua Onze de Junho, no bairro Casa Branca, em Santo André.
Para Márcio Ferreira, presidente do Sintrabor, a política nacional para o setor da borracha prejudicou as indústrias do setor de tal maneira que ele prevê que essa crise deverá se repetir também com outras empresas como a Prometeon (antiga Pirelli), também em Santo André. No governo Bolsonaro o imposto pago pelos pneus importados foram zerados, prejudicando muito a produção nacional, esse tributo voltou a 16% este ano, mas o dano causados nos preços permanece e a queda do dólar ainda favorece a importação. “Estamos prevendo que essa mesma situação vá ocorrer também na Prometeon, na Titan e na Goodyear, ou seja, todas que trabalham com pneus de caminhão, ônibus e trator, porque a indústria nacional não vai conseguir competir com os importados, está sobrando pneu e sobrando borracha”, disse o líder sindical. “A Bridgestone nos procurou com essa proposta para evitar a demissão e acreditamos que essa pode ser a única saída para manter os empregos”, continua Ferreira.
Para tentar mudar a atual política para o setor da borracha, o Sintrabor está preparando uma série de documentos e já pediu uma audiência com o vice presidente Geraldo Alckmin (PSB) para tentar reverter a situação.
Em nota a Bridgestone apenas confirmou a negociação em torno do lay off. “Devido à atual baixa demanda na indústria de pneus, a Bridgestone do Brasil informa que iniciou uma negociação com o Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo referente a uma redução temporária de produção em sua planta de Santo André e a implementação de um programa de lay off para sua equipe. Com mais de 95 anos de história no Brasil, a Bridgestone reitera seu compromisso absoluto com as leis vigentes no País”.
2ª vez
Essa é a segunda vez este ano que uma crise abate a Bridgestone e envolvendo redução da produção em Santo André. Em maio a empresa anunciou que encerraria a produção de pneus para veículos de passeio na unidade do ABC e transferiria essa produção para sua unidade em Camaçari, na Bahia. Inicialmente foram divulgadas cerca de 600 demissões, mas após a negociação 481 postos de trabalho acabaram cortados.
As consecutivas crises acendem uma luz de alerta para o Sintrabor. “A empresa teve um problema de Ti e nem todas as homologações daquele acordo foram feitas até agora, e nem saímos de uma crise e já vem outra na sequência. Se isso não melhorar vamos ter que sentar para dialogar com a empresa por uma estabilidade maior do que só os três meses”, diz Ferreira.