“É um sentimento de dever cumprido”, é assim que a bióloga Marta Marcondes definiu em entrevista ao RDtv, nesta segunda-feira (11/09), o resultado de 20 anos de trabalho do IPH/USCS (Índice de Poluentes Hídricos, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul). A coordenadora do projeto adiantou que a ideia do grupo é aumentar o número de pesquisas realizadas na região, com os mais diversos objetivos.
Três projetos estão sendo visados neste momento, principalmente após a implantação do Centro de Inovação da USCS, o Inova USCS. O primeiro é o uso de um equipamento de metabolômica, que visa investigar as mudanças causadas por produtos químicos na água, desde agrotóxicos até antibióticos que são lançados sem qualquer cuidado.
Tal iniciativa também será inserida no projeto em conjunto com a Royal College e a USP para verificar a quantidade de lançamento de antibióticos nos rios e bacias hidrográficas. A terceira proposta é uma parceria com UFABC (Universidade Federal do ABC) para trabalhar junto as comunidades mais vulneráveis da região, como os ribeirinhos e as comunidades dos povos originários, e entender a qualidade da água nestes locais.
As parcerias são resultado do trabalho realizado pelo projeto nas últimas duas décadas, avaliando a qualidade dos rios e jogando luz na necessidade de se cuidar deste “bem precioso”, e também lidar com as mudanças climáticas que já assolam vários locais do País.
“Foram muitas conquistas nestes 20 anos do projeto. São muitas ações que nós fizemos e eu sinto que nós conseguimos de alguma maneira impactar positivamente na vida das pessoas. No momento em que aquela pessoa sabe o que está acontecendo naquele rio ou naquele reservatório que está perto da casa dela”, explica Marta.
A bióloga considera que uma das principais mudanças nessas duas décadas de trabalho está na alteração da receptividade das pessoas ao tema. O termo “ecochato” foi deixado de lado e para a especialista, atualmente há mais entendimento sobre a importância do tema.
“Hoje é mais fácil para a gente conversar com as pessoas sobre esse bem tão precioso que a água. Durante os 20 anos tínhamos uma certa dificuldade, no início principalmente. Em 2003 tínhamos uma dificuldade para abordar as pessoas e falar. Hoje a nossa abordagem é mais fácil. Quando me apresento para alguém como pesquisadora da qualidade da água é mais fácil, elas perguntam sobre os rios e a qualidade. Temos muito mais apoiadores hoje”, seguiu.