Ibovespa testa queda com bancos, apesar de alta de commodities e de NY

A alta das bolsas norte-americanas e da maioria na Europa é insuficiente para animar o Ibovespa. Após subir 0,37%, com máxima diária aos 118.840,80 pontos, o Índice Bovespa passa por instabilidade, mirando leve queda nesta quarta-feira, 30. O recuo é puxado principalmente por ações de grandes bancos e de varejistas, apesar do declínio dos juros futuros.

“Melhorou o humor internacional, mas o Ibovespa ainda está operando de forma tímida. Se observarmos, a curva futura de juros está devolvendo prêmios. Vimos evolução da parte fiscal após a aprovação do arcabouço, hoje o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) trouxe nova deflação, contrariando algumas estimativas de alta – o que não se vê desde março”, avalia Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

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Como destaca, Spiess, “pesos-pesados” do Ibovespa como ações de grandes bancos e de algumas varejistas impedem alta, apesar da valorização das commodities. Itaú Unibanco PN, por exemplo, recuava 0,96%, sendo a maior queda dentre os grandes bancos. Já do lado do consumo, VIA ON caía 4,90%.

Ainda que a parte fiscal tenha avançado, ainda há algumas incertezas como, por exemplo, se o governo conseguirá zerar o déficit primário em 2024, além de expectativas dos efeitos do Desenrola, programa do governo de renegociação de dívidas.

Hoje, o minério de ferro subiu de 1,97% em Dalian, na China, em meio a crescentes indícios de anúncio de estímulo à economia, e o petróleo avança entre 0,50% e 0,70%. As ações da Vale e Petrobras operam com sinais divergentes: as da estatal miravam queda e as da mineradora subiam 0,28%, às 11h02.

Ainda nesta quarta, a FGV informou nova deflação do IGP-M, de 0,14% em agosto, em relação à mediana de elevação de 0,02%, e o Ministério do Trabalho divulgou geração de 142.702 vagas no Caged mês passado (mediana em 137.689 postos).

Ao mesmo tempo, a derrota do governo ontem à noite na Câmara fica no radar. Foi aprovado o requerimento de urgência apresentado ao projeto de lei que prorroga a desoneração da folha de salários para 17 setores da economia até 2027. Fica ainda no radar a reforma ministerial.

Ontem, o Ibovespa subiu 1,10%, aos 118.403,61 pontos. Ainda assim, acumula queda mensal. Às 11h02, o recuo no período era de 3,14%, ante elevação de 3,27% de julho deste ano e dos 6,16% de agosto de 2022. A liquidez ainda tende a seguir enfraquecida. A saída de estrangeiros da B3 prossegue, diante de dúvidas com o rumo dos juros no exterior e questões fiscais internas.

Dados divulgados mais cedo reforçaram a ideia de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) não deve subir os juros, por ora, deixando-os em nível elevado por mais tempo. O relatório de emprego no setor privado do pais da ADP mostrou criação de 177 mil empregos, na comparação com previsão de geração de 200 mil postos em agosto. Já a segunda leitura do PIB dos EUA do segundo trimestre trouxe expansão anualizada de 2,1% (projeção: alta de 2,6%).

“Claro que não dá para usar esses resultados, principalmente o da ADP como conclusivos. Há algumas discrepâncias entre o indicador de vagas do setor privado informado hoje e o payroll, que será divulgado na sexta”, afirma o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria. “Porém, mostram certa desaceleração do emprego, o que é o grande ponto de preocupação do Fed”, acrescenta.

Às 11h07, o Ibovespa caía 0,17%, aos 118.197,40 pontos, ante mínima diária dos 118.100,74 pontos, quando cedeu 0,26%, e depois de abrir aos 118.404,16 pontos.

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