Entre os dias 1º e 7 de agosto, é celebrada a Semana Mundial de Aleitamento Materno, no mês dedicado às ações que buscam estimular o aleitamento materno e a promover informações sobre a importância da amamentação, o Agosto Dourado. A cor destaca o padrão ouro de qualidade do leite materno. Apesar do crescimento nas taxas de aleitamento materno, os números ainda não são completamente satisfatórios, o que reforça a necessidade de ações políticas públicas que destaquem a importância de amamentar as crianças até, ao menos, os dois anos de vida.
Ao RDtv, a pediatra e vice-coordenadora do curso de medicina do Centro Universitário Faculdade de Medicina ABC, Simone Holzer, afirma que ainda é necessário muito avanço no que se trata da amamentação. “Esse mês serve para refletirmos sobre o tema e, principalmente, para nos mobilizarmos a ensinar e informar pessoas sobre os benefícios do leite materno, os malefícios da falta dele e também a importância da doação do leite materno”, destaca.
O Estudo Nacional de Alimentação Infantil (2019) apontou que a prevalência da amamentação exclusiva em menores de seis meses foi de 45,8% no Brasil, mas Simone aponta que mesmo com o crescimento da amamentação, 54,4% da mães ainda não amamentam o filho.
“A campanha deste ano será voltada ao apoio às mulheres que trabalham e ainda precisam amamentar. A dificuldade de amamentação, o retorno ao trabalho, como manter o aleitamento mesmo trabalhando são desafios que dificultam e acabam diminuindo a taxa de aleitamento materno no Brasil”, explica a profissional. Por isso, é importante que exista o apoio dos empregadores para que as mães trabalhadoras possam amamentar seus filhos de forma exclusiva até os seis meses, e complementada até os dois anos ou mais, conforme recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde.
Simone comenta ainda que as leis trabalhistas brasileiras dificultam a permanência da amamentação até os seis meses de idade da criança, diferente de países europeus. “Em certos países da Europa, a licença maternidade pode chegar até um ano, enquanto no Brasil são apenas 120 dias ou quatro meses. Mesmo assim, o artigo 396 da Consolidação das Leis do Trabalho estabelece que até os seis meses do filho, a mulher trabalhadora tem direito, durante a jornada de trabalho, a dois descansos especiais de meia hora cada um, porém nem sempre isso acontece”, afirma.
Com o intuito de informar e destacar a importância do aleitamento materno, a pediatra cita alguns benefícios da amamentação:
-Reduz o risco de diabetes, hipertensão, aumento do colesterol e obesidade na vida adulta;
-Fortalece o vínculo afetivo entre mãe e filho;
-Reduz as chances da mãe desenvolver anemia, câncer de mama e ovário, diabetes e infarto.
A médica destaca ainda a importância da doação de leite materno para os bancos de leite da região. “Os bancos oferecem atendimento às mães de prematuros que estão sendo cuidados em unidades neonatais, mas também cobrem e ajudam lactantes que têm dificuldade em relação à lactação”. Em ambos os casos, a doação do leite materno pode salvar a vida de um bebê, principalmente aquele que nasceu prematuro que necessidade de mais nutrientes. “Para incentivar ainda mais essas mães a produzirem mais, o leite materno tem uma característica incrível: quanto mais for retirado, mais será produzido, então não faltará leite para alimentar o seu filho”, finaliza.