
A deputada estadual Carla Morando (PSDB) disse, na tarde desta segunda-feira (31/07) que vai denunciar o também deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT) e pré-candidato à prefeitura de São Bernardo, à Comissão de Ética da Assembleia Legislativa alegando ser vítima de misoginia e de preconceito por fala do petista a um jornal da região. A parlamentar concedeu entrevista coletiva em seu escritório político em São Bernardo ao lado da advogada Gabriela Manssur, é presidente do Instituto Justiça de Saia, especializado em políticas públicas para a mulher.
“Foram falas do deputado Luiz Fernando me tratando como uma obra, um objeto. Sou casada com o Orlando Morando há 16 anos, temos dois filhos e compartilhamos da mesma maneira de pensar e atuamos na política fazendo o bem para as pessoas, mas ele (Luiz Fernando) insiste em trazer o machismo à tona toda a vez”, disse a deputada. Ela se refere a uma entrevista em que o petista disse que a única obra do mandato do prefeito de São Bernardo foi eleger e reeleger a esposa como deputada.
A parlamentar disse que esperou alguns dias para ver como reagiria desta vez à fala do petista, já que ela já o levou à comissão de ética em 2018 por uma fala parecida, mas a denúncia foi arquivada. “No primeiro mandato eu já sofri uma forma de machismo, como se eu não soubesse que eu estava fazendo no mandado que o meu marido me deu. Primeiro que meu marido não me deu o mandato; ele sempre me ajudou, mas insisto em dizer que tenho minhas qualidades, meus méritos como mulher. Estou aqui para fazer política em não para fazer o que o Orlando mandou. Fui eu que recebi os votos e desde o início trabalhei muito com amor e vontade de fazer o bem e fui reeleita com o dobro de votos. Fiquei quieta nestes dez dias desta essa nova agressão porque no primeiro mandato entrei com uma representação no Conselho de Ética e ela foi arquivada após um ano e não teve nenhuma punição. Agora chega, não gosto de ser tratada como uma coisa, um objeto. Não vou mais admitir nenhum homem pormenorizar o que é feito por uma mulher. Esse tempo foi para estudar como eu faria uma representação ou entraria na defesa não só minha, mas das mulheres”, disse Carla Morando.
Carla destacou deu entendimento de que Luiz Fernando deu início antecipadamente à disputa eleitoral pelo comando da cidade. “Eu não sou candidata a nada”, frisou.
A advogada Gabriela Manssur disse que todas as mulheres foram agredidas pela fala do deputado. “Essa violência política significativa vem fazendo com que as mulheres sintam afastadas e alijadas do meio político. A violência contra a mulher não atinge só aquela mulher, atinge toda a sociedade com a falta de representatividade de mulheres no sistema político, no sistema de justiça e nos cargos de poder e liderança do país. Somos mães e atacadas na nossa honra, nos sentimos culpadas pelos nossos filhos que são abalados emocionalmente. A deputada tem dois filhos adolescentes que devem estar sentindo a dor de ver a mãe sendo comparada com uma obra. Ela foi vítima de um ataque misógino, um ataque covarde e machista”.
Apesar de não acreditar que haja alguma punição na Comissão de Ética da Assembleia, por conta do arquivamento da representação anterior, Carla Morando vai insistir em que a Casa Legislativa Estadual apure o ocorrido. Ela disse que irá protocolar a queixa nesta terça-feira (01/08). “Como o primeiro processo foi arquivado, entendo que ele se sentiu impune para mais uma vez me tratar como objeto. Dessa vez vamos entrar no Conselho de Ética e outras instâncias”, disse Carla. A advogada completou o raciocínio: “o arquivamento é como uma carta branca para esse tipo de discriminação contra a mulher. Nesse caso parece mais uma perseguição, então providências serão tomadas em todas as esferas necessárias, administrativa e também no âmbito judicial”, disse Gabriela Manssur. A advogada diz que cabe uma ação por danos morais e afirmou que será pedida a cassação do mandato do parlamentar.
Mesmo diante das novas declarações de Carla Morando e de sua advogada, afirmando que irão processá-lo e que será pedida a cassação do mandato, o deputado preferiu não se manifestar e divulgou nota, praticamente igual a encaminhada anteriormente. “Conforme já esclarecido anteriormente à imprensa, que fique muito claro que em nenhum momento foi discutida a questão de gênero na entrevista concedida, quando tão somente destaquei que o prefeito de São Bernardo abandonou a gestão da cidade para empenhar seus esforços na conquista de votos para sua candidata. Enquanto isso, o município sofria (e ainda sofre) com falta de programas e obras em áreas fundamentais como Saúde, Educação, Habitação, Segurança Pública, Cultura, Esporte e tantas outras. Defendo e sempre defenderei a participação da mulher na política e em todos os setores da sociedade, bem com repudio qualquer ato de violência ou intolerância”.