Cadeirante não encontra acessibilidade em motéis da região

Luciano Camargo Silva e a esposa Eva Cristina Alves Brígido. (Foto: Rede Social)

Prédios antigos, de uma época em que itens de acessibilidade como rampas e elevadores não eram exigidos para a concessão dos alvarás de funcionamento, essa é a realidade da maioria dos motéis do ABC. Um problema para quem tem mobilidade reduzida ou usa cadeira de rodas. O morador de Santo André Luciano Camargo Silva, desistiu de uma noite romântica com a esposa Eva Cristina Alves Brígido, em um motel e optou por um hotel.

Ele conta que planejou a noite com a esposa primeiro em uma festa e depois passaria a noite em um motel da região. Fez contato com diversos estabelecimentos, encontrou acesso por elevador em apenas um deles, mas esse acesso não lhe dava direito de escolha da suíte. Essa situação aconteceu várias vezes com o casal. “Esse mote só tem um elevador e somente da acesso à suíte mais cara do motel e pior é que a gente liga e o elevador está sempre quebrado, quando está funcionando eles não garantem a reserva, então eu posso chegar lá e correr o risco do quarto estar ocupado”, critica Silva.

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Em alguns estabelecimentos o casal encontrou até boa vontade dos funcionários em tentar solucionar o problema, chegaram a propor que o cliente fosse carregado até a suíte. “Eu não quero passar por esse constrangimento, eu quero direito à acessibilidade e à minha privacidade”, lamentou o consumidor que disse que procurou em todos os motéis do ABC e até da Capital e esbarra sempre na mesma dificuldade.

A solução encontrada pelo casal foi desistir dos motéis da região e procurar por hotéis. “Quando saímos vamos para hotéis onde encontramos acessibilidade melhor, mas não é a mesma coisa, um motel tem todo um clima romântico, o hotel é só um quarto”, conta Silva que perdeu os movimentos da cintura para baixo após um acidente ocorrido em 2018, quando foi atropelado por um motorista que trafegava pela contramão. Agora ele tenta retomar a vida com as adaptações necessárias, como o veículo adaptado, mas ele sempre encontra barreiras urbanas tais como calçadas e rampas inadequadas e estabelecimentos comerciais inacessíveis.

O presidente do Sehal (Sindicato Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do ABC), Roberto Moreira, admite que essa situação é uma realidade, mas entidade vai reunir os empresários do segmento para um diagnóstico e ver o que é possível fazer para ampliar a oferta de suítes com acessibilidade na região. “O problema é que os motéis da região são de uma época anterior à exigência de rampas e elevadores. Era o que se construía na época. Hoje esses estabelecimentos, da forma que estão, não comportariam obras de acessibilidade, porque não é só fazer uma rampa ou colocar um elevador, são necessárias muitas adequações, como portas mais largas para passar uma cadeira, adaptações nos sanitários e outras partes das suítes, em alguns locais isso nem dá para ser feito diante da estrutura existente”, analisa.

Moreira disse que vai reunir os empresários do setor, para ter um diagnóstico de quantos são as suítes com acessibilidade e o que pode ser feito para aumentar a oferta para cadeirantes ou pessoas com outros tipos de deficiência. “Entendemos a necessidade e acredito que principalmente os motéis mais novos podem ter maior possibilidade de adaptações”, completa.

O RD não conseguiu contato com representantes da Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para comentar o assunto.

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