Até três anos atrás poderíamos negociar com a inovação e tecnologia, agora não mais. A sentença é de Fábio Costa, consultor de Gestão e gestor dos Programas de Startups do Sebrae no ABC, para quem o que era um diferencial hoje é questão de sobrevivência.
Fábio Costa exemplifica com cases de Santo André, como um restaurante que saiu de R$ 4 mil para R$ 50 mil de faturamento ao usar soluções de sete empresas de tecnologia a seu favor. Uma pizzaria tradicional da cidade passou 80% das vendas para o modo digital. E uma escola infantil que dobrou o faturamento em 2023, mesmo com o mercado em queda no nicho este ano em todo o País, por meio da tecnologia, tanto na educação em si como no relacionamento com os clientes.
O consultor destaca que hoje o ecossistema precisa ter a participação de todos os atores e que esse conceito é muito aplicado em Santo André para fortalecer o empreendedorismo. Há sete anos o Sebrae promove um prêmio anual para reconhecer as empresas locais quanto à gestão, com 95% das participantes ativas e com avanços. “As empresas que não conseguiram se adaptar estão fora do mercado e há muitos empreendimentos na cidade que conseguiram superar a crise com vendas 100% online”, afirma.
Costa cita a importância da sustentabilidade nas pequenas empresas, calcada no crescimento em âmbito mundial da pauta ESG (do inglês Environmental, Social and Governance) nas empresas de todos os portes. Ressalta o papel fundamental das pequenas empresas na responsabilidade, economia, social e ambiental e lembra que, qualquer que seja a atividade, pensar na causa ambiental se tornou exigência do consumidor. Além disso, avisa que o lixo já é uma fonte de receita para quem recicla e vende o material reciclável e, não por acaso, há grandes empresas que passaram a vender muito mais por anunciarem que usam material reciclável.
O consultor afirma que o Sebrae desenvolve, em todo o ABC, estudos para projetar o futuro da região e desde 2018 trata as empresas de tecnologia como prioridade. Conta que hoje 11.420 empresas de tecnologia na região têm vendas em 90% fora do ABC, 14 delas focadas em recursos humanos que geram 750 empregos diretos e 20 mil clientes pelo Brasil.
“Esse projeto de longo prazo é vital para posicionar a região como polo tecnológico, e para isso precisamos de base sólida de dados para nortear a região e sua mão de obra, a fim de estimular a exportação de tecnologia, gerar empregos qualificados e riqueza para as cidades”, aponta. Para Fábio, o grande desafio agora é fazer a ponte entre as empresas tradicionais e as digitais.