
Após 24 dias de negociação, desde que a Bridgestone anunciou o fim da produção de pneus para carros de passeio na planta de Santo André, em (08/05), o Sintrabor (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Borracha da Grande São Paulo) e a empresa chegaram a um acordo que prevê um PDI (Programa de Demissão Incentivada) que conta com uma série de benefícios para quem aderir.
A negociação também reduziu o número de empregados que seriam desligados; inicialmente seriam demitidos entre 600 e 700 trabalhadores, agora o número foi fechado em 481 postos a serem cortados. Há duas semanas a empresa tinha cravado um número maior, de 540 cortes.
Quem aderir ao PDI terá, além dos valores da rescisão, um bônus de 10 salários nominais, que estarão isentos de imposto de renda, terão ainda 12 meses de convênio médico para o titular e dependentes e um vale-alimentação de R$ 1 mil durante 18 meses, que será pago em uma única parcela de R$ 18 mil, 15 dias após a rescisão. A estimativa do Sintrabor é que cada trabalhador que assinar a adesão ao programa, vá receber aproximadamente R$ 80 mil fora os valores da rescisão trabalhista.
O presidente do Sintrabor, Márcio Ferreira, considerou um bom acordo. “A empresa chiou em todas as cláusulas, tivemos até algumas que não conseguimos convencer a empresa, mas no fim foi um bom acordo, não foi o ideal, que seria a manutenção de todos os empregos, mas foi onde foi possível chegar. Esse plano vai minimizar o impacto das demissões”, explicou.
O sindicato ainda tentou uma manobra mais forte, a de se agarrar no dano que a empresa multinacional sofreria em sua imagem. “Tentamos o sindicato dos trabalhadores da Bridgestone no Japão, onde fica a matriz da empresa. Queríamos ir lá e ter uma conversa com eles, porém como sinalizaram que a mudança na decisão da empresa seria impossível ficamos sozinhos e focamos as forças nesse acordo. Outra opção seria uma greve, que envolveria o setor de pneus de passeio e os que produzem pneus para caminhões, ônibus e tratores, mas estaríamos envolvendo no movimento um setor diretamente interessado e outros não, então seria uma paralisação difícil e teríamos dificuldade. O acordo foi a melhor saída e ainda conseguimos baixar bastante o número de demissões”, disse Ferreira.
A Bridgestone, no seu anúncio em maio, disse que transferiria a produção dos pneus para carros de passeio para Camaçari, na Bahia, e a produção em Santo André ficaria focada em pneus para veículos pesados que teria aumento da produtividade. “Já estão tirando de Santo André o maquinário e levando para a Bahia, enquanto isso está chegando maquinário novo para produzir mais pneus maiores”, relatou o presidente do Sintrabor. Uma das cláusulas do acordo de PDI é que se a empresa tiver que abrir para novas contratações, esse pessoal dispensado tenha preferência na seleção. “Existe uma expectativa futura de recontratar esse pessoal, mas é difícil garantir que isso ocorra, até porque o trabalhador não pode ficar parado esperando isso acontecer, ele vai atrás de outro emprego”, projeta Márcio Ferreira.
O prazo para adesão ao PDI tem início na terça-feira (06/06) e vai até o dia 26/06. Após esse período haverá uma assembleia com os trabalhadores para a avaliação do número de adesões e, se o programa não tiver as 481 adesões que a empresa quer, será feita nova proposta, que pode envolver o aumento do prazo para adesão. As demissões começam já no mês que vem. “Só não pode ter pressão para o trabalhador aderir, isso seria ilegal e nós estamos de olho nisso”, conclui o sindicalista.