Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Reciclagem (17 de maio), as prefeituras do ABC anunciam índice recorde de material reciclado recolhido entre as cidades. Para se ter ideia, nos primeiros quatro meses deste ano, foram 539 toneladas de material recolhido, enquanto no mesmo período do ano passado, foram 298 toneladas, alta de 81,3% no índice de material produzido entre as cidades.
Em entrevista ao RD, a gerente de Relações Institucionais da Braskem Sudeste, Sylvia Tabarin, explica que é de extrema importância que a sociedade se preocupe e se atente mais às questões ligadas à preservação do meio ambiente para evitar o descarte e uso desnecessário deste material. “Hoje existem diversos conteúdos e até cursos, além de livros e plataformas na Internet que ajudam as pessoas a obter informações e instruções para fazer uso consciente e descarte adequado de resíduos plásticos”, expõe.
Dados de um estudo encomendado à MaxiQuim pelo PICPlast – Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico, pela Braskem e Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), constatam que o índice de plásticos pós-consumo reciclados no Brasil atingiu 23,4% em 2021. “Esse número representa um leve aumento do índice de reciclagem de resíduos no país, embora ainda tenhamos um longo percurso pela frente. Nesse sentido, é muito importante que o poder público e a indústria invistam em novas tecnologias e projetos educacionais para aumentar o engajamento do consumidor, fundamental para o processo de resolução do problema”, destaca.
Descarte incorreto
Ao ser questionada sobre erros que são cometidos pela população e como evitá-los, Sylvia afirma que alguns dos principais desafios se relacionam com o descarte incorreto dos resíduos plásticos, o que não somente causa impacto no meio ambiente como também dificulta que plásticos recicláveis sejam de fato reinseridos para a produção de outros plásticos. “Jogar plástico nas ruas, possibilitando que eles se acumulem ou caiam em bueiros, além de rios e praias; não higienizar os itens recicláveis na hora do descarte; misturar o lixo reciclável com resíduos orgânicos na hora de descartá-los são alguns exemplos inadequados que devem ser evitados para o bom uso do material e reutilização posterior pela cadeia”, orienta.
A Braskem desenvolveu iniciativas locais com objetivo de educar a população sobre uso e redução do descarte inadequado de resíduos plásticos, gerando a conscientização sobre a importância da reciclagem por meio da coleta seletiva. Um dos exemplos de ação é o projeto Plastitroque, iniciativa que incentiva cidadãos a trocarem seus resíduos plásticos descartáveis e recicláveis por kits de alimentos ou materiais de higiene. Somente no ano de 2022 o projeto contou com 4 edições, sendo realizado respectivamente no Pq. São Rafael (ZL de SP), Mauá, Santo André e Rio Grande da Serra.
Na ocasião, foram arrecadadas mais de 2,1 toneladas de plásticos, convertidos em mais 340 kit de alimentação e higiene. Além do Braskem Recicla, que tem o intuito de coletar resíduos com a ajuda da população para serem encaminhados para a reciclagem. O projeto já contou com três edições (duas em Santo André e uma em Mauá), engajou cerca de 330 mil pessoas e gerou R$ 54 mil para os catadores envolvidos, sendo 95% mulheres, contribuindo também para o desenvolvimento econômico local. Por meio dessa ação, a Braskem coletou 25,5 toneladas de itens pós-consumo higienizados (como plástico, papel, papelão, óleo de cozinha, eletrônicos, eletrodomésticos, metais e vidro).
Coleta nas cidades
A grande responsável pelo crescimento de 81,3% na coleta de materiais recicláveis foi Mauá, que implantou, em junho de 2021, o programa Mauá Recicla. Na iniciativa, órgãos públicos são pontos voluntários de coleta da fração seca dos resíduos sólidos, sendo o plástico o ponto forte da coleta. No primeiro quadrimestre de 2022, o município coletou 22.524 toneladas de resíduos, já no mesmo período de 2023 foram coletados 76.062 toneladas, quase três vezes mais.
Diadema também foi uma das grandes responsáveis pelo aumento de material recolhido. A cidade desenvolve ações de coleta seletiva e orientação para descarte correto dos resíduos. A coleta de plásticos é feita por meio de coleta seletiva porta a porta, uma vez por semana. Não é realizada coleta separada por materiais. Os resíduos coletados são destinados a quatro cooperativas instaladas na cidade. Além disso, há 80 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) distribuídos pela cidade. No primeiro trimestre de 2023, foram recolhidos 275 toneladas de resíduos, mas perguntada sobre os números do mesmo período do ano passado, a prefeitura não divulgou.
Em Santo André, o Semasa realiza coleta seletiva em 100% da cidade e recolhe todos os tipos de materiais recicláveis, incluindo plásticos. A coleta ocorre porta a porta, por meio de caminhões que efetuam a recolha dos resíduos uma vez por semana nos bairros. Além disso, os resíduos também são recebidos por meio dos programas Moeda Verde, Moeda Pet e Meu Condomínio Recicla. No primeiro quadrimestre de 2022, as cooperativas comercializaram 258,93 toneladas de resíduos plásticos. Já no primeiro quadrimestre deste ano, foram 188,74 toneladas.
Ribeirão Pires realiza coleta no sistema porta-a-porta nas residências, escolas, empresas, onde os bairros são contemplados a cada dia da semana, e as pessoas fazem o agendamento sempre que necessário for a retirada do material em suas residências. No primeiro quadrimestre de 2022 foram 16.223kg de plásticos, neste ano ainda não foi realizado o fechamento do primeiro quadrimestre.
Já São Bernardo adota abordagem abrangente na coleta seletiva, disponibilizando coleta em ecopontos, pontos de entrega voluntária e na modalidade porta a porta em todos os bairros. Os moradores são orientados a separar os resíduos em duas categorias principais: materiais recicláveis (papel, plástico, vidro e metal) e resíduos não recicláveis (restos de comida, entre outros). Os caminhões de coleta seletiva são responsáveis por recolher os resíduos separados pelos moradores, garantindo a coleta separada de materiais recicláveis e não recicláveis. Atualmente, a cidade realiza a campanha Cidade Limpa, com ações de sensibilização dos moradores, entre elas com equipes de rua responsáveis por percorrer mais de 200 mil residências tratando de educação ambiental.
Rio Grande da Serra ainda não possui uma ação de coleta seletiva, que se encontra em fase final de desenvolvimento.