Pesquisas realizadas nas represas Guarapiranga e Billings, desde 2015, apontam que a qualidade da água nos dois reservatórios está pior a cada ano. Em entrevista para o RDtv, a bióloga e coordenadora do Projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos) da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), Marta Angela Marcondes, explica que não são todos os “braços” dos reservatórios que estão poluídos, e sim aqueles que estão mais próximos de habitações.
Marta destaca que pelo fato da represa Guarapiranga possuir um terço do tamanho da Billings, o reservatório sofre muito mais com a poluição. “Existe uma intensificação de moradias na Guarapiranga e, ao longo do tempo, a qualidade de água ficou muito pior. O mais preocupante é que também temos uma perda na capacidade de armazenamento do reservatório, já que toda a poluição se instala no fundo da represa, diminuindo a sua profundidade”, afirma.
A USCS, em parceria com o pesquisador especialista em rios e represas, Dan Robson, irá retomar um projeto do especialista, em que serão coletadas amostras dos dois principais reservatórios do ABC, sazonalmente, para avaliar o nível de poluição dos locais. “Serão quatro campanhas de coleta por ano, uma em cada estação e, a cada campanha iremos produzir uma relatório técnico, que será entregue para a sociedade civil e para o poder público das cidades que fazem parte do reservatório Billings e do Guarapiranga”, expõe Marta.
O responsável pela coleta das amostras será o próprio Dan Robson, que navegará pelas represas. Ao ser questionado sobre as dificuldades para percorrer águas poluídas, o pesquisador conta que o principal empecilho é a contaminação de bactérias. “Em águas limpas não existe uma preocupação grande caso ela acabe respingando ou caindo em você. No que se trata de águas mais ‘sujas’, é necessário utilizar uma roupa específica e remar cautelosamente para evitar respingos”, diz.
Em 2015, a chamada Expedição Mananciais: Billings/ Guarapiranga iniciou diagnóstico ambiental dos reservatórios por meio de análises que identificavam quais eram os problemas, e ainda traçava soluções para melhorar a qualidade da água das represas percorrendo mais 450 quilômetros nas duas represas, mas o novo projeto irá realizar as análises de maneira diferente. “Na época, tínhamos 160 pontos de coleta na Billings e 50 na Guarapiranga, mas percebemos que não é necessário fazer as coletas em tantas zonas. A maneira mais coesa para analisarmos os reservatórios é diminuindo o número de áreas e aumentando o número de coletas feitas em um ano e, é assim que iremos fazer o projeto Nossas águas”, esclarece Marta.