
Cinco anos depois da morte do estudante de engenharia Yuan Pereira Santos, de 22 anos, a justiça vai levar a júri popular dois homens que estão presos e são acusados do crime, são eles: Hernani Goulart da Mota Silva e seu primo Jonathas Mota Pires. O crime aconteceu em 24 de abril de 2018 na casa onde a vítima morava com a família no bairro Parque do Governador, em Rio Grande da Serra. Homens armados invadiram a residência e atiraram três vezes contra o rapaz que foi socorrido, mas morreu dias depois. Um terceiro envolvido no crime está foragido. A defesa dos primos mantém a alegação de inocência. O julgamento está marcado para o dia 19/05 no Fórum de Ribeirão Pires.
Inicialmente o crime foi registrado como latrocínio, mas durante a investigação a polícia de Rio Grande da Serra apurou que o crime teria sido cometido por encomenda e que os mandantes teriam uma rixa com a vítima. A apuração levou aos policiais até Silva e Pires. O motivo do crime, segundo as investigações, teria sido ciúme. A mulher de Silva e a vítima trabalhavam na mesma empresa e o rapaz que está preso suspeitou de um caso entre os dois. Silva e Santos teriam discutido e brigado algumas vezes, houve até um episódio em que o carro da vítima foi danificado.
A mãe do rapaz assassinado, Andreia Pereira, que também foi ferida com um tiro no dia do crime diz que tem medo que os presos acabem soltos. “Eu não confio totalmente que eles vão ser condenados, tenho medo que eles sejam soltos porque são muito perigosos, por isso peço a Deus que se faça justiça. Meu filho tinha só 22 anos, fazia engenharia, trabalhava, não tinha vícios, estava noivo com planos de se casar e ia à igreja. Ele era tudo de bom. Como pode alguém matar outra pessoa assim como se fosse uma barata?”, comenta a mãe.
Andreia tinha dois filhos, perdeu Yuan em 2018, vítima de assassinato, dois anos depois perdeu a filha para um câncer. A depressão tomou conta da sua vida e hoje ela encontra forças na fé e na esperança de que os autores do crime sejam condenados. “Eu só tinha eles, agora estou sozinha. A única esperança que eu tenho é que se faça justiça para os homens que mataram um filho na frente da mãe. Hoje o que me ajuda é a minha fé e os amigos da igreja. Tive que me tratar de depressão no Hospital das Clínicas por bastante tempo”, conta a mãe que vai participar do júri como testemunha.
Defesa
O advogado Renan Alcântara Motta Coelho, que defende os réus Hernani Goulart da Mota Silva e Jonathas Mota Pires, disse que ambos estão tranquilos quando a versão dada desde o início de que são inocentes e nada tiveram a ver com o crime. “A defesa se solidariza com a família da vítima pela perda, mas será mostrado no tribunal do júri que os dois não são os autores do crime e que serão absolvidos”, diz o defensor. Silva e Pires estão presos no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Mauá em celas separadas.
De acordo com o advogado a acusação não tem provas cabais da participação de Silva e Pires no assassinato de Santos. “A investigação começou como um latrocínio, mas, depois mudou, baseando-se em um depoimento controverso. Inclusive um deles tinha um álibi para a hora do crime, ele estaria com a avó, que infelizmente já faleceu, mas seu depoimento faz parte dos autos”, explica Coelho.
O defensor, que atua no direito criminal há cinco anos e é especialista em ciências criminais, disse que é praxe em uma investigação de assassinato procurar pessoas com as quais a vítima tem desavenças e foi esse o caminho que os investigadores de Rio Grande da Serra seguiram. “A defesa vai demonstrar que eles não tiveram participação no fato. Até uma arma foi atribuída a Hernani, porque teria sido encontrada em uma caçamba próxima a casa dele, porém os exames periciais mostraram que aquela não foi a arma do crime e nem a caçamba era tão perto assim da casa dele, ou seja, provas contundentes não há”.
O processo segue em segredo de justiça, por isso o judiciário não forneceu mais informações sobre o andamento do processo e o Ministério Público também não respondeu ao pedido de entrevista com a promotora do caso. O advogado de defesa disse que não faz parte da estratégia da defesa, adiar o júri. O julgamento está previsto para as 13 horas do dia 19 e será presidido pelo juiz Heitor Moreira de Oliveira.