
Apesar de estar mais associado ao verão o cuidado com a dengue deve ser mantido também no outono. Só este ano, cinco prefeituras do ABC já registraram 141 casos de vítimas do mosquito Aedes aegypt. Do total de casos, 50 são autóctones (contraídos na cidade) e 80 são importados.
Silvia Mónica Yapura Jaldin, infectologista do Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, em Santo André, explica que o clima frio e as chuvas sinalizam para redobrar os cuidados com o mosquito. “É preciso evitar locais que podem acumular água, como caixas de água e pneus. Nesta época de frio, que possui dias de chuvas, o ideal é o morador verificar se na casa tem locais propícios para água parada. Então quem mora em casa com quintal, fazer a limpeza e evitar qualquer fonte de acúmulo de água pelas chuvas, e ainda, é recomendado usar repelentes neste período”, alerta.
A infectologista explica que quem teve dengue não está livre de se contaminar novamente. “Assim como outras doenças virais, todos somos vulneráveis à dengue, pois existem 4 sorotipos de dengue, mesmo que tenha tido dengue no passado, pode se contaminar novamente, ainda com risco de complicações maiores”, explica.
Dengue no ABC
Em Diadema, nos primeiros três meses de 2023, foram registrados 35 casos, entre autóctones e importados. Desses, 20 casos estão em análise para identificação do local provável de infecção, definindo se é autóctone ou importado de outro município. Por esse motivo, os dados são preliminares.
Em janeiro de 2023, foram cinco casos confirmados de dengue (em análise de local provável de infecção); em fevereiro, 11 casos (dois autóctones, quatro importados e cinco em análise); e 19 casos em março (oito autóctones, um importado e 10 em análise).
No mesmo período de 2022, foram confirmados 24 casos, sendo um em janeiro (autóctone), três em fevereiro (autóctones) e 20 em março (16 autóctones e quatro importados).
Larvicida biológico
Na sequência aparecem São Caetano, com 34 casos. Em março, a Prefeitura investiu na aplicação de larvicida biológico como combate ao mosquito Aedes aegypti, zika vírus e chikungunya. O trabalho durou vários dias e percorreu vários pontos da cidade, sobretudo em locais onde eventualmente possa haver mais acúmulo de água, no intuito de minimizar a proliferação do mosquito. A informação é que o larvicida só mata as larvas do mosquito, utilizado como controle de infestação, é um produto altamente seguro para o meio ambiente e para as pessoas.
Em Mauá foram registradas este ano 33 vítimas do mosquito. Do total, foram 12 autóctones e 21 importados. No mesmo período de 2022, Mauá tinha já 43 casos.
A Prefeitura de São Bernardo, por meio da secretaria de Saúde, informa que, em 2023, foram 29 casos de dengue confirmados, sendo 11 autóctones e 18 importados. No mesmo período do ano passado, foram registradas 36 vítimas do mosquito, sendo 10 autóctones e 26 importados.
Armadilhas para conter o mosquito
Em Ribeirão Pires, a Secretaria de Saúde registrou 10 casos de dengue até o momento, sendo três autóctones e sete importados. A Prefeitura investiu em 700 armadilhas de auto disseminação da Biovec para conter a dengue. Em 2022, quando houve recorde de casos de dengue na história do Brasil, o município registrou um aumento de 26,4% nos casos em comparação com 2021. Com a nova solução, a expectativa é reduzir os casos em até 80%.
A solução foi importada da Holanda pela Biovec para promover o uso de tecnologias de ponta na saúde pública brasileira. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde, a tecnologia apresenta um desempenho superior aos métodos tradicionais e é sustentável, pois não prejudica a saúde da população, outros animais ou afeta o meio ambiente.
A armadilha da Biovec usa os hábitos do próprio mosquito para fazer a transferência dos larvicidas nos locais de água parada, ao eliminar a possibilidade de reprodução. “Sua atuação abrange uma área de até 1.000 m² e, em cerca de 60 dias já se nota uma expressiva redução de mosquitos”, afirma Daniel Sindicic, CEO do Grupo Lara.
Criadouros
Segundo os centros de controle de zoonoses (CCZs), a melhor forma de prevenir a dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que ocorre por meio de água parada nos possíveis criadouros. Todo e qualquer objeto que possa acumular água pode se tornar um criadouro do mosquito e deve ser eliminado.
Os principais criadouros são pneus, pratinhos de vasos de plantas, recipientes plásticos esquecidos no quintal e material de obra/construção acumulado, principalmente em latas de tinta que, apesar de parecerem sujas, com o tempo, ocorre a decantação e se forma uma lâmina de água limpa o suficiente na superfície para a sobrevivência das larvas.
Santo André e Rio Grande da Serra não forneceram informações sobre o cenário atual da dengue.