Feira de universidades israelenses na Unicamp é suspensa após protesto palestino

Uma manifestação de coletivos contrários ao evento levaram à suspensão da Feira de Universidades Israelenses, que seria realizada na segunda-feira, dia 3, na Universidade de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo. O ato de protesto aconteceu em frente ao local da feira, mas houve ameaça de invasão, segundo a universidade, o que levou à suspensão por motivo de segurança.

O movimento aconteceu depois que a Federação Árabe Palestina no Brasil informou ter enviado ofício à reitoria pedindo que o evento fosse cancelado por implicar em “adesão ao apartheid na Palestina”.

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Com bandeiras e faixas contendo mensagens como “Unicamp, território livre de apartheid” e “Palestina livre”, os manifestantes se posicionaram no acesso principal do evento.

Professores e estudantes da universidade que já tinham feito um abaixo-assinado pela suspensão da feira engrossaram os protestos. O comitê organizador do evento informou que decidiu pela suspensão ao constatar o risco de invasão do local pelos manifestantes. “Decidimos suspender por motivo de segurança”, divulgou o comitê.

Em nota, a reitoria da Unicamp informou que a Feira das Universidades Israelenses não pôde ser realizada por força de manifestações contrárias à sua ocorrência. “A saída, com segurança, da equipe promotora do evento ocorreu após negociações com os representantes da manifestação. A Unicamp ressalta que o direito à livre manifestação será garantido desde que essas sejam realizadas de forma pacífica e desde que não haja impedimento de atividades acadêmicas devidamente autorizadas pelas instâncias decisórias da universidade”, disse.

O episódio gerou troca de acusações entre as federações que representam Israel e Palestina no Brasil. A Federação Israelita do Estado de São Paulo divulgou nota repudiando a ação de “vândalos” que impediram a realização da feira. Disse ainda que a manifestação violenta foi patrocinada pela Federação Árabe Palestina.

“A Feira das Universidades Israelenses na Unicamp foi organizada visando a esclarecer as dúvidas de quem cogita estudar ou realizar estágio em Israel”, disse. Conforme a nota, alunos de Israel e de todo o mundo, inclusive árabes, se beneficiam de uma rede de apoio de funcionários administrativos e docentes.

“A violência é a marca principal de algumas das manifestações pró-Palestina pelo mundo, aqui no Brasil não podemos admitir que isso aconteça. As imagens de manifestantes acuando e hostilizando os representantes das universidades israelenses são repugnantes e precisam ser investigadas e condenadas com veemência pelas autoridades e pela sociedade. A Unicamp é um espaço democrático que, inclusive, mantém seis convênios com universidades israelenses, sempre trabalhando no sentido de fazer a cooperação mútua entre os dois países”, afirmou em nota.

Já o presidente da Federação Árabe Palestina, Ualid Rabah, disse que a manifestação foi pacífica, sem agressões, convocada por uma série de organizações.

Segundo ele, a única iniciativa da Fepal foi enviar um documento à reitoria pedindo o cancelamento da feira. A carta diz que “a justa reputação da Unicamp não pode ser manchada por associação aos crimes de lesa-humanidade de Israel na Palestina”.

Segundo a Fepal, as universidades israelenses estão fortemente implicadas na construção do regime colonial e de apartheid de Israel contra o povo palestino, colaborando com as forças armadas de Israel e com seus serviços de inteligência.

Nesta terça-feira, 4, também em nota, a Unicamp disse que não recebeu nenhum documento oficial da Federação Árabe Palestina do Brasil sobre a feira.

“A universidade destaca que sua atuação sempre se pautou pelo pluralismo de ideias e pela defesa intransigente da democracia. Nesse contexto, abrigou ao longo de sua existência eventos promovidos por representantes de diferentes orientações ideológicas e/ou religiosas. Ademais, a Unicamp mantém parcerias com Estados, Organismos e Universidades, programas de acolhimento de refugiados e de grupos vulneráveis, bem como políticas de estímulo à promoção de Direitos Humanos”, disse.

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