Em dois dias foram sete relatos de ataques ou tentativas de ataques realizados em escolas públicas de São Paulo, sendo quatro no ABC. Tal cenário criou uma nova tentativa de debater uma forma de tratar de um tema específico: o bullying. Em entrevista ao RDtv nesta terça-feira (28/03), o pesquisador do Conjuscs (Carta de Conjuntura da Universidade de São Caetano do Sul) Antônio Aparecido de Carvalho falou sobre o tema e indicou a necessidade de que escolas dialoguem com sua comunidade sobre o assunto.
“É necessário que as escolas debatam isso mesmo, tenham um diálogo muito objetivo, não somente com os alunos, com os professores, com os seus colaboradores e com as famílias. É preciso que as famílias estejam ligadas nisso, é preciso que as escolas promovam debates, promovam trabalhos em grupo, promovam palestras, estejam imbuídos em levar esse tema a frente”, explicou.
Para Carvalho, é essencial que os pais estejam atentos a todas as ações e sinais dos filhos, inclusive sobre o comportamento dos adultos na residência, pois podem influenciar de maneira negativa uma criança que pode virar um possível agressor em casos de bullying.
“Eu acredito que o bullying é uma coisa que vem de longa data e nós entendemos também que no ambiente escolar ele se prolifera com muito mais rapidez, até pela imaturidade das pessoas, das crianças, dos jovens. E por vezes essa prática do bullying ocorre lá no seio familiar. Os pais costumam, de alguma forma, rir de alguém fazer chacota de alguém e a criança vai levando isso”, justificou.
Outro ponto de atenção é o acesso a internet. Os últimos casos, como o que ocorreu na Vila Sônia, na Capital, chamaram a atenção por uma divulgação antecipada do ataque pelas redes sociais e o incentivo através dos likes dados em cada publicação, além da não denúncia. Tais pontos acabam ajudando na proliferação de situações como está.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, em Santo André, “um aluno ameaçou a professora durante a aula dizendo que os professores deveriam ser esfaqueados, como o caso da professora da escola da Vila Sônia, e que ele faria o mesmo no próximo dia”.
Outro relato ocorreu em São Bernardo. Uma vice-diretora alertou as autoridades policiais de que o aluno portava um punhal. Ao ser abordado, o estudante disse que não ameaçou ninguém e que apenas queria mostrar aos amigos, mas acabou revelando que sofria ofensas homofóbicas e que “adquiria o punhal para se sentir mais seguro”.
Outros dois casos em território andreense foram relatados pelas forças de segurança. Um sobre um aluno que teria levado um simulacro de arma de fogo dias após brigar com um colega e ameaça-lo. Outro caso foi de uma criança de 11 anos que também portava um simulacro.