Dólar cai 0,74%, a R$ 5,2511, com fluxo estrangeiro para Bolsa

O dólar à vista caiu 0,74% em relação ao real nesta sexta-feira, 24, a R$ 5,2511, devolvendo parte da alta de 1,01% observada na véspera. Com o resultado, zerou os ganhos da semana e encerrou a sessão em baixa de 0,36% na comparação com a sexta-feira passada. Operadores atribuem o movimento a um fluxo atípico – e pontual – de capital para a Bolsa, devido ao nível descontado das ações brasileiras.

Não à toa, a divisa americana atingiu a máxima de R$ 5,3413 (+0,97%) às 9h42 – antes da abertura da Bolsa – e migrou para o terreno negativo no fim da manhã, à medida que ao Ibovespa acelerava o ritmo de ganhos. Às 14h18, caiu abaixo de R$ 5,24, na mínima de R$ 5,2395 (-0,95%), enquanto a principal referência da B3 consolidava alta acima de 1,0% e se aproximava das máximas do dia.

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“Parece que teve um fluxo grande de entrada de dólares aqui. Contra fluxo, não tem argumentos”, resume o operador de câmbio da Fair Corretora Hideaki Iha. “Quando a Bolsa fica abaixo dos 100 mil pontos, aparecem oportunidades, o mercado funciona desta forma. E, como o dólar subiu bastante esta semana, teve uma realização. No nível em que estava, não tinha como sair comprando e ganhar dinheiro.”

O fluxo pontual levou o real ao melhor desempenho entre seus pares emergentes hoje, em um dia de fortalecimento do dólar no mercado internacional, devido aos temores de desaceleração da economia global – após dados de atividade mais fracos na zona do euro e Reino Unido – e à renovação das preocupações com a saúde do sistema financeiro global, diante das preocupações com a solidez do Deutsche Bank.

O cenário de aversão ao risco levou a quedas dos preços do petróleo, entre 1,0% (WTI) e 1,20% (Brent), e a uma alta de 0,57% do índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de rivais fortes. A moeda americana teve ganhos também em relação a pares emergentes do real como o peso chileno (+0,40%), rand sul-africano (+0,35%), apesar de uma queda de 0,62% frente ao peso mexicano.

Para o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, a recuperação do real nesta sexta-feira é um movimento técnico que sucede as perdas da véspera, puxadas por uma nova leva de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu governo ao Banco Central. O analista alerta, no entanto, que o desempenho desta sessão tem caráter pontual e não deve se refletir em uma queda sustentada da moeda americana na próxima semana.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, também considera que o movimento desta sessão é pontual e não deve se repetir na próxima semana, diante da incerteza doméstica em torno da nova regra fiscal e da expectativa de desaceleração da economia global, que deve pesar negativamente sobre as commodities e, consequentemente, sobre o real.

“Hoje, vimos uma correção do movimento exagerado de quinta-feira. Não é uma recuperação que convence”, diz.

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