Coração palpitante, falta de sono, visão prejudicada, estresse, depressão e até tendências suicidas podem ser algumas das consequências do uso excessivo de telas de aparelhos eletrônicos, como celulares, tablets, televisores, computadores e outros dispositivos, entre crianças e adolescentes. O aviso vem da Sociedade de Pediatria de São Paulo, ao apontar estudos que alertam os pais e responsáveis pelos filhos a ter atenção redobrada, além de buscarem uma rotina mais equilibrada e saudável às crianças.
Em tempos de redes sociais, videogames e streaming, o mapeamento dos impactos da exposição prolongada às telas eletrônicas é tema de diversas pesquisas. “De acordo com estudos, foi revelado que o uso prolongado das telas pode ser associado a transtornos de alimentação, ao mau-desempenho em testes que avaliam o desenvolvimento cognitivo e sintomas de depressão e ansiedade entre crianças e jovens”, aponta a presidente da diretoria executiva da Sociedade de Pediatria de São Paulo no ABC, Silvia Guiguer.
Segundo a especialista, há dados que demonstram como os aparelhos interferem na bioquímica do cérebro de forma semelhante a drogas psicoativas. Dessa forma, é possível ter tal relação com distúrbios do sono, cada vez mais frequentes na sociedade, o que por consequência pode causar problemas de memória, transtornos de déficit de atenção, crises de ansiedade e hiperatividade, baixo rendimento escolar devido à falta de concentração e problemas auditivos e visuais, entre outros.
O cenário de avanço da tecnologia também despertou a atenção da OMS (Organização Mundial de Saúde). A entidade, vinculada à ONU (Organização das Nações Unidas), já reconhece que o vício em jogos eletrônicos na internet é considerado uma doença. “Esses distúrbios são semelhantes ao uso de substâncias químicas, que incluem sintomas como falta de controle na duração e intensidade que joga, dependência, crise de abstinência e etc”, afirma Silvia.
Suicídio
A pediatra cita os estudos da Universidade Estadual de San Diego (Estados Unidos), no quais mostram que 48% dos adolescentes que gastam cinco ou mais horas por dia em dispositivos eletrônicos, relataram ao menos uma característica relacionada ao suicídio, contra apenas 28% dos que passam menos de uma hora por dia com telas. Sintomas de depressão também são mais comuns em jovens que gastam muito tempo em tablets, smartphones e computadores.
Além de transtornos psicológicos, cada vez mais crianças apresentam miopia em decorrência dos aparelhos eletrônicos, conforme explica Márcia Keiko Tabuse, presidente do Departamento de Oftalmologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo: “Esses últimos 15 anos, temos observado um aumento de miopia em crianças abaixo de 12 anos de idade. Isso se deve principalmente ao uso de telas, principalmente a celulares e tablets muito próximos aos olhos”, avisa a oftalmologista.
Ambas as especialistas concordam que compete aos pais ou responsáveis a criar hábitos saudáveis a crianças e adolescentes, passando a ser necessário o diálogo para que exista limite ao uso de aparelhos eletrônicos e incentivo às atividades fora de casa, por meio de exercícios físicos, além interação entre familiares e amigos. Assim, os jovens são estimulados a alternativas para redes sociais, videogames, computadores, tablets e televisão e evitam problemas futuros.