ABC - segunda-feira , 29 de abril de 2024

Protesto reúne 80 mil contra plano de Netanyahu para reduzir poder do Judiciário

Cerca de 80 mil pessoas protestaram em frente ao Parlamento de Israel, em Jerusalém, nesta segunda-feira, 13, na apresentação do plano do governo Binyamin Netanyahu para reformar o Poder Judiciário no País. O projeto é alvo de críticas e vem sendo apontado há mais de um mês como uma ameaça direta à democracia no país. Uma comissão do Parlamento deve discutir a lei ainda hoje.

A manifestação já é considerada a maior em torno do Knesset em anos. Os manifestantes se reuniram agitando bandeiras israelenses e faixas com mensagens como “salve a democracia israelense” ou “país em falência moral”. Os organizadores do movimento consideram que a reforma proposta põe em perigo o caráter democrático do Estado de Israel. Uma greve nacional também foi convocada para esta segunda-feira.

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Se aprovada a reforma, os ministros da Suprema Corte ficam impedidos de vetar leis com base no princípio da razoabilidade e, em caso de vetos motivados por outras razões, o Parlamento pode derrubar as decisões da Corte por maioria simples. Por fim, o governo teria mais peso na indicação de ministros, passando a nomear políticos para o comitê que escolhe os novos juízes.

Em um raro discurso à nação na noite de domingo, presidente de Israel, Isaac Herzog alertou que o país estava à beira do colapso legal e social – o cargo de presidente é amplamente cerimonial em Israel. “Peço que o primeiro-ministro não apresente o projeto de lei na primeira leitura”, disse Herzog.

Apesar do apelo, a proposta anteriormente divulgada pelo ministro da Justiça, Yariv Levin, foi apresentada ao Comitê de Constituição, Lei e Justiça do Knesset nesta segunda. De acordo com o jornal israelense Haaretz, duas das proposições foram aprovadas – uma que altera a forma de escolha dos membros da comissão que aponta os ministros e outra que impede a Corte de vetar legislações. Para valer, as propostas ainda precisam ser aprovadas pelo plenário.

No parlamento, legisladores da minoria de oposição protestaram veementemente contra a reforma. Durante uma sessão turbulenta, membros da oposição subiram na mesa de conferência, bateram nas mesas e gritaram “vergonha!”. Simha Rotman, sionista religioso aliado de Netanyahu e que conduzia a sessão do comitê, expulsou vários políticos da oposição.

Embora manifestantes tenham chegado a Jerusalém de todo o país e a organização tenha a participação de ativistas árabes, mulheres e LGBT, bem como dos líderes dos partidos de oposição, uniram-se aos protestos grupos de acadêmicos, reservistas do exército, estudantes, trabalhadores do ramo de tecnologia, aposentados e até mesmo centenas de judeus ortodoxos, que se realizaram orações organizadas no Muro das Lamentações na manhã de segunda-feira, nas quais recitaram uma oração especial pelo bem-estar do Estado de Israel./ Com AP e AFP

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