ABC carece de pontos de conexão wi-fi em espaços públicos

São Caetano é um dos poucos municípios a disponibilizar internet gratuita em parques e praças (Foto: Letícia Teixeira/PMSCS)

Mais da metade das cidades do ABC (Santo André, São Bernardo, Diadema e São Caetano) estão aptas a receber o sinal 5G, a partir deste ano, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Apesar da expansão da rede, que tem como objetivo trazer mais benefícios e facilidades para a população, alguns problemas de longa data ainda assolam quem depende de conexão no ABC. Isso porque são poucas as cidades que oferecem serviço wi-fi com qualidade para aqueles que não podem depender de dados móveis.

Exemplo é o estudante de Administração, na Universidade Metodista, Matheus dos Santos, 21, que ao voltar para casa, em Mauá, recorrentemente encontra problemas. “A começar pelo sinal da internet móvel que já não funciona muito bem no Terminal Rodoviário, tem sinal quando quer. Pra piorar a situação, a Prefeitura não coloca um wi-fi pra usarmos, então se eu não conferir o horário do ônibus antes de sair da faculdade, capaz de perder”, conta.

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Em determinada ocasião, Santos precisou voltar a pé para casa, porque havia perdido o último ônibus e não conseguiu avisar seus pais por falta de sinal no celular. “No Terminal estava sem sinal e a poucos metros dali também. Teve uma hora que precisei guardar o celular pra não ser assaltado, então resolvi voltar a pé pra casa já que nem um Uber consegui pedir”, salienta.

De toda região, só São Bernardo, São Caetano e Diadema e Santo André possuem sinal ativo wi-fi em pontos descentralizados. Ribeirão Pires, que tinha conexão ativa – ainda que instável – em alguns pontos, como: Terminal Rodoviário e Paço Municipal, não possui mais o serviço ativo na cidade, assim como Rio Grande da Serra, que também não oferta o serviço. Já Mauá, não respondeu até o fechamento da reportagem.

Atualização dos equipamentos

Ao RD, o docente da Escola Politécnica da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Claudio Alexandre Ganança, analisa que o motivo da tecnologia implementada em boa parte dos espaços públicos não funcionar como deveria. Segundo o professor, a conexão pode ser subdimensionada, ou estar obsoleta, diante da atualização dos equipamentos.

“Em geral, as compras por licitação acontecem de acordo com o mais barato, porém as especificações precisam considerar a proporção da necessidade, por exemplo: o equipamento precisa suportar ao menos 200 equipamentos simultâneos, possuir portas Gigabit, ser compatível com a arquitetura que permita conexão de vários roteadores, além de tecnologia Wi-Fi 6 e algoritmos à prova de força bruta, proteção contra ataques”, explica o docente o acrescentar que, em alguns casos, é possível que prefeituras tenham cotado equipamentos para uso em escritório, ao invés de pontos de acesso profissionais.

Hoje, o maior gargalo apontado pelo professor é o tipo de ponto de acesso (antenas roteadoras de Wi-fi), e uma solução para o problema seria a troca desses equipamentos para uma estratégia mais rápida, a fim de obter melhores resultados. “A conexão desses pontos de acesso por cabo com capacidade de bilhões (Gigabits), ao invés de milhões (Megabits), ajuda. O mesmo com os roteadores que distribuem a internet com esses pontos de acesso, podendo usar fibra óptica”, opina.

Chegada do 5G

Com a chegada do 5G, Ganança avalia que a disponibilidade da internet também será impactada. “Por um lado temos as pessoas que adquirem diretamente uma conexão 5G e que ‘desocuparão’ as redes convencionais, uma vez que vão usar sinais de onda diferentes. Por outro lado, teremos uma massificação do 5G que aumentará em 100x o fluxo de informações, reduzindo o custo por bytes transmitidos desde dentro das das operadoras”.

Os custos de implementação de soluções com essa tecnologia se pagarão de forma rápida, conforme aponta o professor. Na proporção que seu desempenho vai trazer serviços mais rápidos e com maior qualidade para as pessoas, acredita-se que o maior fluxo do conhecimento pode ser o motor para o desenvolvimento econômico contínuo, com qualidade de vida. “Certamente aplicações que nunca imaginamos poderão começar a existir como sair da era das trevas para a era da comunicação em um salto”, comenta.

Avanço na conexão

Em Diadema, o programa Diadema Conectada segue em implementação até o final de janeiro, com 30 zonas de wi-fi livre e gratuita que serão instaladas em equipamentos públicos, praças e centros comerciais. O acesso gratuito à internet será possível nos principais equipamentos de atendimento ao cidadão como: ginásios poliesportivos, o clube Mané Garrincha, espaços de recepção das UBSs, centros culturais, Teatro Clara Nunes, CRAs, cemitério, CEU das Artes, bibliotecas, praças, parques e centros comerciais dos bairros.

De acordo com a Prefeitura, o processo de instalação do programa termina em fevereiro, quando 74 pontos estarão ativos e à disposição dos moradores. O sinal deve ter velocidade mínima de conexão de 1 mega por usuário, sendo que cada ponto de acesso deve permitir a conexão simultânea de no mínimo 256 usuários.

Em Santo André, atualmente há pontos de internet nos parques municipais e em Paranapiacaba, totalizando 11 locais. Há um projeto de ampliação em andamento com previsão de finalização até o mês de março. Na mesma linha, Ribeirão Pires prepara o “Espaço Flirp”, em alusão à feira literária anual da cidade, no Museu Histórico. No local haverá wi-fi gratuito e espaço para coworking. Esse projeto está previsto para ser viabilizado ainda no primeiro semestre de 2023.

O programa Wi-Fácil foi lançado em 2018, em São Caetano, e oferece internet gratuita em parques e praças. Para acessar, basta se conectar à rede “Wi-Fácil São Caetano do Sul” e fazer a autenticação por meio de conta no Facebook ou e-mail. O tempo de conexão é de até uma hora por dia, em cada ponto.

São Bernardo disponibiliza wi-fi gratuito para visitantes dos parques Raphael Lazzuri (Vila Tereza), Engenheiro Salvador Arena (Rudge Ramos), Parque da Juventude Cidade Maróstica (Baeta Neves) e Praça Giovani Breda (Assunção). O sistema foi implementado pelo Departamento de Tecnologia da Informação (DTI) da Secretaria de Administração e Inovação. Para acessar, o usuário deve localizar a rede WiFi-SBC e preencher o cadastro. A média geral de acesso é de 6,8 mil/mês.

Assim como nas outras cidades, a Prefeitura planeja expandir o sistema para todos os demais parques do município, além de praças, conforme programa de governo de 2021 a 2024. Em relação ao 5G, a Prefeitura trabalha na atualização da legislação municipal sobre o disciplinamento das instalações de estações de Rádio Base visando adequação à tecnologia.

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