
O Imesc (Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo) marcou para abril a realização exame pericial de sanidade mental em Anaflavia Meneses Gonçalves, de 27 anos, que está presa acusada de matar e carbonizar os pais Romoyuki Veras Gonçalves, de 43 anos, e Flaviana Gonçalves, de 40, e o irmão Juan Vitor Gonçalves, de apenas 15 anos. A demora pelo exame impediu, pela quarta vez, a realização do julgamento dos cinco réus, que estava marcado para novembro do ano passado e a sessão foi redesignada para o dia 6 de março. Com o exame marcado para o mês seguinte ao júri, é grande a chance da ré não ir julgamento, por causa desse laudo pedido pela defesa ainda pendente.
O crime aconteceu no dia 27 de janeiro de 2020, na casa da família na rua Caminho dos Vianas, em Santo André. Os corpos foram encontrados no dia seguinte, na Estrada do Montanhão, em São Bernardo, carbonizados dentro do carro da família. Além de Anaflavia, respondem pelo crime sua companheira na época, Carina Ramos de Abreu, os primos de Carina, Juliano de Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos e o amigo deles, Guilherme Ramos da Silva. Os cinco são acusados de triplo homicídio qualificado, roubo e ocultação de cadáver.
O advogado Leonardo José Gomes, acredita que se a audiência for mantida para o dia 6 de março, Anaflavia não estará no banco dos réus. “O exame foi marcado para abril e a audiência é em março, ou seja, em relação a ela com certeza será adiado”, disse o defensor ao RD. Ele acredita ainda que o exame mostrará que Anaflavia não poderá ser julgada pelo crime por insanidade. “Sinceramente eu estou esperando o laudo positivo, aí então ela nem seria levada a júri, seria absolvida impropriamente, ou seja, colocada em liberdade ou remetida à uma instituição de tratamento por um período de até dois anos”.

O próprio laudo médico irá indicar o tratamento adequado para o caso de Anaflavia. Em setembro do ano passado, o juiz da Vara do Júri e Execuções Criminais de Santo André, Lucas Tambor Bueno, determinou que o laudo fosse apresentado em 30 dias para não prejudicar a sessão do júri marcada para novembro, mesmo assim o Imesc não agendou o exame em tempo, provocando o quarto adiamento do júri. Bueno determinou os quesitos que devem ser esclarecidos no laudo médico pericial, as perguntas visam estabelecer se a acusada tinha, à época do crime, capacidade total, parcial, ou nenhuma capacidade de entender o caráter criminoso do ato.
O advogado que representa a família das vítimas, Epaminondas Gomes, também concorda que com a falta do laudo o julgamento de Anaflavia fica prejudicado. “Existe sim a possibilidade de desmembramento, mas não acredito que seja prejudicial para a acusação, porque o conjunto probatório dá conta da ação de cada um deles”, analisa. O advogado acredita que o juiz possa adiar o júri para que os cinco sejam julgados juntos. “Vejo pouca possibilidade do juri acontecer no dia 6 de março, por mais que seja a nossa vontade e por mais que a família continue de certa forma enlutada”. Gomes disse ainda que apesar do crime estar prestes a completar três anos, o julgamento não pode ser apressado. “Tudo deve estar a contento para que não se gere nenhuma nulidade e a liberdade precoce desses assassinos”.