
A campanha ‘Dezembro Verde’ conscientiza e alerta para os maus-tratos e abandono de animais. No período em que tutores saem de casa para viajar e celebrar as festas de fim de ano é comum que o número de animais abandonados cresça e, automaticamente, os voluntários da causa animal entram em ação para fazer o resgate dos bichinhos. Acontece que sem o apoio do poder público e com os espaços lotados, muitos animais continuam nas ruas.
Sandra Lara Machado, coordenadora pedagógica da ESPA (Equipe Singulariana de Proteção aos Animais), comenta que nos meses de julho, dezembro e janeiro os abandonos sempre aumentam. “As famílias não tem com quem deixar os bichos e abrem os portões de suas casas para os animais saírem. Esse abandono é uma irresponsabilidade daquele que, quando adota, não tem consciência da responsabilidade que é adotar”, diz.
A ESPA possui, como trabalho principal, ajudar protetoras de animais independentes e conscientizar sobre guarda responsável de pets para alunos e familiares da instituição Singular. Devido ao grande número de abandonos pelas festas de fim de ano, Sandra nota que as protetoras parceiras, no momento, recolhem mais animais do que possuem condições de ajudar. Ao RD, a coordenadora exemplifica que a ESPA ajuda diversas protetoras, entre elas uma de Rio Grande da Serra que, atualmente, abriga 150 animais.
Claudia Lopes, protetora independente de gatos de Santo André, defende que a falta de auxílio das prefeituras em relação ao cuidado com os animais é uma negligência. “O poder público é o único que, se quiser mesmo, consegue melhorar muito a situação dos animais em situação de rua nas cidades. Mas o interesse deles é zero para isso”, opina.
A protetora explicou, em entrevista ao RD, que o número de gatos resgatados por mês é relativo, a depender do espaço e ajuda de outras protetoras, mas estima resgatar oito felinos por mês. “Para mim, é uma superlotação, porque já tenho os meus”, diz. De acordo com Claudia, as dificuldades são ainda maiores por fazer este trabalho independente durante o final do ano, já que a voluntária não dispõe de um espaço para abrigar tantos animais e muitos ficam para trás na hora da adoção. “Adulto e idoso para doar é só se Deus mandar. As pessoas procuram filhotes, de olhos azuis e peludinhos. Em geral, só adotam por estética, nunca pelo coração”, desabafa.
Claudia ressalta ainda que, no final do ano, as pessoas não só abandonam como também maltratam os bichos. A exemplo disso, a protetora diz que as pessoas abandonam o animal dentro de suas casas. “Vou viajar e coloco uma ração e água que sei que vai durar dois, três dias. Mas fico quinze fora. O animal pode até não morrer de fome, mas vai chegar perto”, menciona.
ONGs e protetores buscam ajuda
Diante da superlotação, os voluntários buscam adoção e ajuda monetária para a grande quantidade de animais resgatados das ruas. O munícipe que quiser adotar um animal ou contribuir com a causa pode procurar a ESPA através do Facebook ou a protetora Claudia Lopes pelo Instagram @resgatandovidas4patas ou WhatsApp (11) 95639-3625. De acordo com Claudia, o interessado em adotar passará por um questionário, a fim de conhecer o local onde o animal ficará e o adotante.