
O julgamento dos cinco acusados da morte de Romuyuki Veras Gonçalves, de 43 anos, Flaviana Martins Meneses Gonçalves, de 40, e o filho do casal, Juan Victor Gonçalves, de 15, corre risco de novo adiamento. Se o pedido de exame de sanidade mental feito pela defesa da ré Anaflavia Meneses Gonçalves, não for atendido até segunda-feira (21/11) quando ela e os outros quatro acusados do crime estarão no Fórum de Santo André para o julgamento, pode ocorrer um novo adiamento. Se isso acontecer será o quarto adiamento e o crime pode completar três anos sem que os acusados sejam julgados.
No dia 27 de janeiro de 2020 as três vítimas foram mortas na casa em que moravam em Santo André. Os corpos foram levados no carro da família até a Estrada do Montanhão, em São Bernardo, onde foram queimados dentro do veículo. A investigação e a denúncia do Ministério Público, elencaram como acusados do crime Anaflavia Meneses Gonçalves, que é filha de Homoyuki e Flaviana e irmã de Juan, que teria agido juntamente com sua companheira Carina Ramos de Abreu. As duas tiveram ajuda dos primos de Carina, Juliano de Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos e do amigo deles, Guilherme Ramos da Silva.
O pedido de exame foi feito pelo advogado de Anaflavia, Leonardo José Gomes, que também representa o réu Guilherme Ramos. “Pedi o exame e até agora nem marcaram ainda. Mesmo que seja feito ainda esta semana, não terei tempo de analisar então é provável que eu deixe o plenário na segunda-feira e nesse caso, nem a Anaflavia, nem o Guilherme poderão ser julgados sem a presença de um advogado”, disse o defensor. Neste caso o juiz poderá determinar nova data para o júri dos cinco ou julgar somente os outros três acusados, deixando os dois em julgamento separado. “Não tem nada que atrapalhe o julgamento dos demais”, disse Gomes.
Questionado se a manobra e o adiamento podem prejudicar sua estratégia de defesa, Gomes disse que, ao contrário, o maior tempo entre o crime e o júri, pode ajudar. “Como se trata de um caso de grande repercussão, os jurados não terão a lembrança do crime e do que viram na imprensa, isso vai favorecer a defesa a fazer um trabalho mais técnico”, disse o advogado que atendeu ao RD enquanto estudava o processo que tem mais de 7 mil folhas.
Quem também estuda muito o processo, mas que espera que o julgamento aconteça sem novos adiamentos é a advogada Alessandra Jirardi, encarregada da defesa dos primos Jonathan e Juliano. “Estou estudando o processo e espero que não adiem novamente, pois a defesa dos dois está preparada e pretendo iniciar os trabalhos na segunda-feira. Está na hora do desfecho, já foi protelado demais”, disse Alessandra.
A advogada dos dois acusados defende uma acareação dos réus. “Estão apontando para cá, então vamos ver como vai ser e os jurados vão decidir”, disse a Alessandra que mantém a sua tese de que os dois rapazes foram induzidos ao crime pelas rés Anaflavia e Carina. “Eles roubaram, tinham a intenção de cometer o crime de roubo, mas quem matou foi a Carina, quem asfixiou usando pano com cloro e fio de telefone celular foi a Carina. Vou pedir para que os rapazes sejam condenados pelo crime de roubo e de ocultação de cadáver”, diz a defensora.
O advogado da família, Epaminondas Gomes de Farias, também teme que o julgamento não seja realizado na segunda-feira (21/11). “A nossa expectativa é mesmo com a instalação ou não do júri porque está pendente a realização deste exame de sanidade mental da ré Anaflavia. Então é possível que nem na segunda-feira esse caixão comece a se fechar, trazendo mais dor à família. O pedido da defesa foi legítimo e não foi por falta de cobrança porque o juiz cobrou a celeridade desse procedimento e a preocupação de todos é que não haja qualquer tipo de nulidade”, disse o representante da família que atua como assistente de acusação ao lado do Ministério Público.
De acordo com Farias a demora pelo julgamento dos acusados do crime, que completou dois anos e nove meses, afeta não apenas a família das vítimas como também os réus. “Eles (advogados de defesa) têm 40 anos para fazer essas manobras, mas o réu preso tem direito a um processo célere e tudo que deu causa aos adiamentos veio das estratégias da defesa”. O assistente de acusação avalia que, caso o júri seja adiado, é muito provável que o crime complete três anos, sem a definição da pena dos acusados. “É muito difícil que haja alguma data vaga na agenda do tribunal antes de janeiro do ano que vem”.
Epaminondas Gomes de Farias disse também que tem tido todo o cuidado para orientar a mãe da vítima Flaviana, dona Vera Lúcia das Chagas Conceição, de 60 anos, que a cada marcação do júri se prepara, psicologicamente e espiritualmente na esperança de ver condenados os acusados de matar a filha, o genro e o neto. “A gente vem preparando ela para essa possibilidade de adiamento que é real”, conclui Farias.