Outubro veio também para alertar sobre o câncer de fígado, que faz milhares de vítimas a cada ano. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) não dispõe de estatísticas, contudo, sabe-se que a neoplasia é líder no número de mortes por câncer, com mais de 700 mil óbitos por ano. Com isso, a campanha global #OctoberIs4Livers, que começou em 2018, tenta reduzir os índices da doença e apoiar os diagnosticados com câncer de fígado a cada ano.
Ronaldo Andrade, cirurgião especializado em transplante de órgãos abdominais, afirma que é fundamental a conscientização da doença. “Para isso é preciso compartilhar informações de qualidade e alertar sobre os fatores de risco que podem colaborar para o desenvolvimento do câncer de fígado”, comenta.
Em 2022 as metas da campanha são:
- Fortalecer a conscientização pública global sobre doenças crônicas, inclui hepatite viral e doença hepática alcoólica, que aumentam o risco de câncer de fígado;
- Aprimorar os recursos e lições para uma alimentação culturalmente mais saudável – através da série de vídeos “Combatendo o câncer de fígado com alimentos”;
- Promover o rastreamento e a detecção precoce do câncer de fígado – recomendadas para pacientes que fazem parte do grupo de risco, com mesas redondas sobre equidade e vídeos que explorem as desigualdades globais da neoplasia;
Sintomas do câncer de fígado
Nos estágios iniciais da doença, a grande maioria das pessoas é assintomática. Contudo, com o avanço da doença, os pacientes podem manifestar:
- Perda do apetite
- Dor na parte superior do abdômen
- Emagrecimento sem motivo aparente
- Vômito e náusea
- Fadiga
- Fraqueza
- Inchaço no abdômen
- Presença de massa abdominal
- Fezes esbranquiçadas
- Icterícia
Fatores de risco
A neoplasia pode ter desenvolvimento a partir de alguns fatores de risco. Segundo o especialista, os principais são infecção causada pela hepatite B ou C, cirrose, consumo excessivo de álcool, doença hepática gordurosa não alcoólica (causa gordura no fígado), entre outros.
Justamente pelos sintomas aparecerem em fases mais avançadas da doença, o diagnóstico precoce ainda é um desafio. Caso o indivíduo faça parte do grupo de risco para o câncer de fígado, são indicados alguns exames. Já quando há presença de sintomas, são recomendados testes laboratoriais, exames de imagem e ainda biópsia para análise.
Tratamento
Se o tumor estiver em apenas uma parte do fígado, pode ser realizada a remoção por meio de cirurgia. No caso de alguns pacientes com cirrose que não podem passar pela retirada de parte do fígado, é possível optar por quimioterapia, radioterapia e até mesmo transplante de fígado.
Vale lembrar ainda que em casos de metástase – quando o tumor se expande para outros órgãos, a cirurgia também pode ser realizada. “O especialista irá indicar a melhor alternativa para cada caso. Isso irá depender do tipo do tumor, tamanho e estadiamento”, diz.
Quando o transplante de fígado é recomendado?
O procedimento geralmente é indicado para tumores confinados do fígado e ainda quando a função do órgão é comprometida pela cirrose. O transplante pode ser realizado através de um doador vivo – no caso de um familiar compatível – ou ainda de um doador pós morte encefálica.
Além de hábitos de vida mais saudáveis, como ter uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos regularmente e evitar o consumo excessivo de álcool, é importante também se vacinar contra a hepatite B. No caso da hepatite C, no qual não há imunização, a prevenção pode ocorrer através do uso de preservativos durante as relações sexuais e o não compartilhamento de objetos perfurocortantes.