O surto de meningite meningocócica registrado em algumas regiões de São Paulo já atinge o ABC. Dados da Prefeitura de Santo André revelam que, somente este ano, foram confirmados 85 casos da doença entre os meses de janeiro a outubro, enquanto no mesmo período do ano passado, foram 46 confirmações na cidade (variação de 84,7%).
Em Mauá foram registrados dois casos da doença no ano passado e, segundo a Prefeitura, este ano mais uma confirmação foi feita. Já São Caetano e Ribeirão Pires dizem não ter registrado nenhum caso este ano. São Bernardo, Diadema e Rio Grande da Serra não responderam.
Segundo infectologistas, o surto provém da bactéria meningococo, e sem tratamento e cuidados necessários, pode levar a morte. Para se ter ideia, no caso de infecção bacteriana são, em média, 250 mil mortes por ano, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Lorena Hornke, infectologista do Hospital Christóvão da Gama de Diadema, alerta que a meningite pode ser causada tanto por vírus, quanto por bactérias e fungos. A enfermidade passa de uma pessoa a outra, através de contato e transmissão de gotículas respiratórias. “Por isso é importante manter o esquema vacinal em dia, evitar aglomerações e ter cuidados com a higiene, a exemplo da lavagem das mãos”, recomenda a médica.
Os sintomas mais notáveis são relacionados ao sistema nervoso central, como dores de cabeça, mal estar, tonturas e vômitos. “O que a pessoa deve ter atenção e se preocupar é em relação a febre, que começa de forma súbita”, alerta. Já se o agente for a bactéria meningococo, há possibilidade da enfermidade apresentar manchas na pele junto de outros sintomas.
Olavo Munhoz Leite, infectologista e professor da FMABC (Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC) complementa que a meningite é uma inflamação das membranas que protegem o cérebro, chamadas de meninges. “Estas membranas podem inflamar por infecção ou por outras doenças não infecciosas”, explica. O professor alerta também sobre os sintomas mais nocivos que a meningite pode apresentar, como os presentes no grupo herpes 1 (infecções dos lábios, da boca e da face).
Para aqueles que possuem meningites bacterianas (consideradas mais graves), Munhoz alerta a importância de encaminhar o paciente ao médico, para um tratamento mais agressivo com uso de antibióticos endovenosos. “A bactéria meningococo pode levar a surtos. E quando ocorre um aumento de notificações em várias regiões, como agora, é importante nos conscientizarmos”, afirma ao ressaltar a importância da vacinação, uma vez que a meningite meningocócica é mais frequente em crianças e, no surto atual, o número de adultos também aumentou em razão da diminuição da cobertura vacinal.
Vacinação no ABC
Santo André contabiliza pouco mais de 23 mil munícipes imunizados contra a meningite em 2022. Já São Caetano registrou 3.500 profissionais de Saúde vacinados, o que corresponde a 30% deste público. Em relação a população no geral, foram vacinados 1.570 bebês de até 11 meses e adolescentes de 11 a 14 anos.
Já Mauá registrou 10,4 mil vacinados com a Meningocócica C e 2.422 imunizados com a Menigocócica ACWY neste ano. Enquanto Ribeirão Pires conta com 1.984 vacinados entre maio a setembro de 2022.
As vacinas Meningocócica C e Meningocócica ACWY estão disponíveis no Calendário de Vacina do SUS (Sistema Único de Saúde), pelas Unidades Básicas de Saúde de cada município. Veja abaixo mais informações.
Meningocócica C
– Esquema de 2 doses para crianças menores de 1 ano;
– 1 reforço a partir de 1 ano (disponível até 4 anos, 11 meses e 29 dias);
– Temporariamente, até fevereiro de 2023, dose única para trabalhadores dos serviços de saúde.
Meningocócica ACWY
– Dose única para adolescentes entre 11 e 12 anos;
– Temporariamente, até junho de 2023, está disponível para adolescentes de 13 e 14 anos não vacinados