O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC promoverá assembleia às 14h desta quinta-feira (08), no pátio de ônibus da Mercedes-Benz, na rua Alfred Jurzykowski – Paulicéia (SBC), para discutir o comunicado da empresa sobre os planos de reestruturação da fabricante de caminhões e ônibus na planta de São Bernardo, que pode resultar na demissão de 3,6 mil funcionários.
O número de funcionários que corre risco de demissão equivale a 35% dos 10,4 mil trabalhadores da planta de caminhões e ônibus e a 60% do pessoal das áreas que serão afetadas. A montadora informa que, diante da decisão, quer terceirizar as atividades de setores como logística, manutenção, fabricação e montagem de eixos dianteiro e transmissão média, ferramentaria e laboratórios -medida esta que vai impactar diretamente 2,2 mil trabalhadores.
Na última terça-feira (6), estiveram na sede do Sindicato, o presidente da Mercedes-Benz, Achim Puchert, o vice-presidente de Recursos Humanos, Fernando Garcia, e o diretor de Relações Institucionais da empresa, Luiz Carlos. De acordo com informação repassada aos funcionários, os porta-vozes da empresa foram informar à categoria que “gostariam de iniciar um processo de negociação, acerca dos temas que estão no boletim divulgado aos trabalhadores”.
A medida adotada pelo grupo alemão preocupa não só os 2,2 mil trabalhadores diretamente impactados com as mudanças, mas também os 1,4 mil trabalhadores temporários que não devem ter seus contratos renovados em dezembro de 2022.
A direção da Mercedes-Benz afirma que o mercado automotivo tem se tornado mais dinâmico e que a competitividade do setor vai continuar se intensificando em razão da transformação das tecnologias para novas formas de propulsão, como os veículos elétricos. Em razão dessas perspectivas, e do aumento da pressão dos custos, alega ser necessário focar atuação em sua atividade principal, que é a fabricação de caminhões e chassis de ônibus, além do desenvolvimento de tecnologias e serviços do futuro.
Assembleia
Sobre as medidas adotadas pela empresa, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, não quis antecipar detalhes da decisão da categoria, pois quer primeiro realizar a assembleia com os trabalhadores antes de informar quais serão as alternativas encontradas.
Já a direção da montadora afirma que “fará todos os esforços possíveis para que se atinja uma solução negociada (com os trabalhadores e o sindicato), com transparência, respeito a todos os envolvidos e comprometimento com a sociedade”.
O Governo do Estado, por sua vez, diz que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico está dialogando com a montadora, e se colocou à disposição da empresa e sindicatos da categoria. O objetivo é contribuir na transição dos trabalhadores com qualificação profissional, e “a expectativa é que esses empregos migrem de lugar, saindo da multinacional e indo para fornecedores da região”, conforme afirmou a Secretaria, em nota. Desde 2019, o ABC já recebeu R$ 3 bilhões em investimentos.