
Em razão da pandemia, algumas cidades do ABC diminuíram suas frotas de ônibus em circulação. Depois de dois anos, munícipes reclamam que o número de ônibus (municipais e intermunicipais) em circulação é baixo, o que tem gerado superlotação de coletivos e atrasos nas rotas.
A moradora do bairro Parque São Bernardo, Vivian Tavares, alega que na região que reside as opções de transporte diminuíram drasticamente desde a pandemia. “Hoje somos forçados a fazer outras integrações para conseguir chegar onde queremos, e isso dificulta o acesso a muitos lugares, pois dobra o tempo de espera e locomoção ao ter que pegar um outro ônibus”, pontua.
A moradora explica que, no geral, os ônibus passam em intervalos muito maiores que o comum, e por terem poucas opções que passam pelos bairros, os coletivos rodam superlotados, além de fazerem rotas cada vez mais diferenciadas, a exemplo da Linha 25 – Sacolão, que “mal chega ao Centro da cidade”. Diante das questões, a reclamante salienta: “Me questiono sobre o valor da passagem R$5,10, sendo que a única vantagem são os ônibus mais modernos”.
Questionada, a Prefeitura de São Bernardo diz que atualmente cerca de 327 coletivos atendem ao município em dias úteis. “Houve uma redução de 30% de veículos operantes em decorrência da pandemia, porém, após a retomada das atividades econômicas e educacionais, esse ônibus foram novamente acrescentados na frota”, alega.
Demanda reduzida
Santo André possui atualmente 302 veículos em circulação, 57 a menos do que tinha em 2019. Mas, de acordo com a Prefeitura, o número atual está dimensionado em função da demanda atual de passageiros, que reduziu cerca de 30%. Já Diadema possui 120 ônibus em circulação pelo município, 50 a menos do que no período pré-pandemia, e a redução aconteceu em todas as linhas. “Não há previsão para reajuste”.
Atualmente, a frota de ônibus que atendem as linhas municipais em Mauá é de 190 veículos. Durante o período de maior gravidade da pandemia, houve redução de cerca de 83 carros. Em fevereiro do ano passado, a administração garantiu retorno de 100% dos veículos, quantidade que tem sido mantida desde então. São Caetano tem apenas 48 coletivos municipais em circulação, e a Prefeitura alega que não houve corte no transporte em nenhum período.
Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não retornaram.
Transporte Intermunicipal
A questão parece não se ater apenas ao transporte municipal no ABC. Para a também moradora de São Bernardo, Raquel Oliveira, que trabalha na Capital, os problemas afetam as linhas intermunicipais (218EXA1). “Já tentei pegar o ônibus mais cedo (6h20), e não conseguia ir sentada, atualmente pego o das 6h45, e está pior ainda. Agora com o fim das férias, sem condição nenhuma”, diz ao frisar que sua colega passa pelo mesmo problema e relata que a situação está deste modo desde o início da pandemia.
Em resposta, a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) declarou que as linhas intermunicipais são monitoradas e adaptadas constantemente – com base nos acompanhamentos diários realizados pelo setor de fiscalização e planejamento. Quando constatada necessidade, ajustes nas programações e frota são realizados a fim de melhor atender a demanda de passageiros.
Antes da pandemia, em maio de 2019, as linhas na Região Metropolitana de São Paulo eram atendidas por 4,3 mil ônibus para 1,7 milhão de passageiros por dia, em média. Em maio de 2022, período ainda com reflexos da pandemia, a frota era composta por 3,2 mil veículos para uma média diária de 1,3 milhão de passageiros.