A educação ambiental é formada por um conjunto de ações sustentáveis, com foco na preservação do meio ambiente e tem o poder de transformar o mundo. A ação vai além de apenas uma disciplina em sala de aula, as discussões ambientais devem ser interdisciplinares e integrar a rotina escolar, como defende a bióloga Marta Angela Marcondes, e coordenadora do Projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos) da USCS (Universidade de São Caetano), em entrevista ao RDtv desta segunda-feira (06/06).
Com objetivo de conscientizar a população, a educação ambiental visa formar uma sociedade preocupada com o meio ambiente e com os impactos causados pelo ser humano na natureza, bem como orientar e engajar o indivíduo e sociedade na resolução de problemas ambientais e ações de preservação e sustentabilidade. E esse é um desafio para os profissionais da educação em sala de aula. “É preciso ter uma formação dos professores e gestores para que tenham um olhar efetivo ao tema. Há muitos materiais bons disponíveis, mas há uma sobrecarga do professor em sala de aula. Ele deve ser estimulado para atuar além da disciplina de educação ambiental e trabalhar projetos em que o aluno vivencie o tema”, aponta Marta.
Oficinas e palestras podem ser ferramentas que ampliam o debate e a visão dos estudantes com relação a temas como coleta seletiva, economia de água, entre outros. “Temos que ir além da teoria, da disciplina. Ações como trazer um catador e deixá-lo expor como ele realiza o trabalho, pode fazer com as crianças entendam a dimensão da coleta seletiva, por exemplo. Dessa maneira, mostramos como o catador é um importante agente nesse processo”, orienta a bióloga e exemplifica também como uma horta na escola pode interligar as disciplinas de biologia, física, química, entre outras.
Além do estímulo aos profissionais, Marta ressalta que ainda faltam investimentos no setor. “A escola inteira pode ser um ambiente que proporciona esse aprendizado constante. Para isso, é importante ter uma equipe na escola que seja responsável pelas ações ambientais, integrando os professores e todas as disciplinas. É preciso ter um acolhimento e engajamento dos professores. Chegar com material pronto e entregar ao professor para trabalhar em sala, não adianta”, afirma.
Para a bióloga, a discussão ambiental deve ser tratada entre crianças e adultos, seja na escola, faculdade ou trabalho. “Vai depender da ferramenta utilizada. Precisamos de espaço para discutir saúde e meio ambiente. Há uma resistência inicial, porque as pessoas não conseguem conectar o quanto o meio ambiente impacta a saúde. Mas já evoluímos muito no Brasil desde quando a questão de educação ambiental entrou no País em 1992. Criamos uma política nacional e estadual e os municípios também já tratam do assunto”, diz.