Os desafios para seguir amparando crianças e adolescentes em seus direitos aumentaram após o período mais agudo da pandemia do Covid-19. Integrantes da Comissão da Infância e Juventude, da 38ª subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Santo André, apontaram os principais pontos nessa luta, durante a entrevista concedida ao RDtv nesta quarta-feira (01/06).

A advogada e presidente da comissão, Shirley Van Der Zwann, deixa claro que a intenção do grupo é reforçar a importância dos mais diversos atores na luta pelas crianças e adolescentes, principalmente levando em conta o aumento dos problemas relacionados a este público.
“São vários os problemas envolvendo a infância e a juventude, até porque criança e adolescente são vulneráveis e temos que estar de frente no combate daquilo que não é regulado por lei ou que seja regulado por lei, mas que eles não tenham acesso. Então os desafios da Comissão estão focados em ação direta. A ação direta que falo não é imediatista, mas é aquilo que realmente ocorre com os nossos jovens, com as nossas crianças e temos que estar de frente, combatendo algumas questões”, disse Shirley.
“Realmente durante a pandemia algumas demandas que já existiam em relação a proteção integral da criança e do adolescente se potencializaram. A questão da violência, falando da questão do abuso sexual, por exemplo, que pelos dados 70% dos agressores estão dentro de casa, são pessoas próximas. E as crianças e adolescentes dentro de casa elas ficaram sem o acesso a Educação, que é a porta de entrada da rede de proteção, muitas vezes sem acessar a área da Saúde que também é porta de entrada para proteção de criança e adolescente”, disse a advogada Priscila Frade Marques, vice-presidente da Comissão.
O ponto da Saúde é o que causa a principal preocupação nos especialistas como a assistente social do Instituto de Hebiatria da Faculdade de Medicina do ABC, Janete Figueiredo, que apontou o aumento do número de casos de ansiedade, pressão e ideação suicida entre os adolescentes.
“Então, primeiro temos que entender que trabalhar com criança e adolescente é saber que esse paciente, que essa criatura está em desenvolvimento e que tem as mudanças naturais de vida. Isso antes da pandemia, com a pandemia essa questão se agravou muito, pois adolescente é grupo, adolescente gosta de estar socialmente envolvido e com o afastamento temos hoje uma sequela muito grande de uma série de problemas de saúde. Quando eu falo de saúde não é só físico, então você envolve a parte mental, psicológica, o social de onde eles se envolvem. Então temos uma demanda hoje, em 2022, com as consequências desse afastamento”, explicou.
Para as especialistas os cuidados com as crianças e adolescentes neste período de retorno das atividades presenciais é essencial para garantir os direitos e deveres da melhor forma, e que todos devem se atentar os problemas e a busca de soluções.