Depois de paralisarem as atividades da fábrica nesta quinta-feira (7/4), os 580 trabalhadores da Toyota de São Bernardo pararam também a rua Marechal Deodoro, o principal corredor comercial da cidade, em uma passeata de protesto contra a decisão da empresa de fechar a planta industrial. Para essa sexta-feira (8) está marcado novo ato, desta vez em frente à fábrica, no bairro Planalto, que terá a presença das famílias dos operários a partir das 10h.
O dia dos trabalhadores da montadora começou com uma assembleia na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que terminou com a aprovação de um ato público que aconteceu logo no início da tarde; uma passeata pela rua Marechal Deodoro, que terminou na Praça da Matriz. Também ficou definido o ato reunindo trabalhadores e suas famílias nesta sexta-feira (08/04).
O presidente do sindicato, Moisés Selerges, disse que o diálogo com a Toyota não avançou. A direção da empresa esteve até em reunião com o prefeito Orlando Morando (PSDB) onde foi reiterada a intenção de fechar a fábrica. “O destaque desta quinta-feira foi a demonstração de vontade e de mobilização dos trabalhadores. A última vez que houve uma mobilização na Toyota foi em 1.991, faz muito tempo, pois a relação com a empresa sempre foi muito positiva. Agora ela está sendo intransigente. Propusemos que ela suspendesse a decisão de fechar a fábrica e, enquanto isso, montaríamos um grupo de estudos envolvendo sindicato, trabalhadores, direção da Toyota e os poderes públicos. A ideia é ver as possibilidades de investimento, de trazer mais produtos para essa fábrica, mas a empresa nega o diálogo”, diz o sindicalista.
Segundo Selerges, a Toyota oferta aos funcionários a possibilidade de transferência para a fábrica de Sorocaba, no interior do Estado, distante 120 quilômetros de São Bernardo. O presidente do sindicato diz que os trabalhadores não vão aceitar. “Os trabalhadores têm suas vidas aqui, quem é que vai mudar para lá? Além disso, o salário aqui é mais alto e eles não vão dar estabilidade para quem for, isso é conversinha da empresa”, afirma.
De acordo com cálculos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC o impacto, caso o fechamento não seja revertido, será de aproximadamente três mil postos de trabalho, se considerados os trabalhadores indiretos. Por conta disso Selerges já mobilizou deputados estaduais, federais e o Senado para estabelecer uma agenda e pressionar a empresa a negociar. “Quero conversar com todos, até com o Guedes (ministro da Economia, Paulo Guedes), com a Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo do Campo), no espírito de somar esforços para a busca de alternativas”, diz.
Sem considerar o impacto dos postos de trabalho indiretos e nas empresas que prestam serviços para a Toyota, a prefeitura de São Bernardo calculou a perda anual em R$ 8,5 milhões com a saída da montadora. Esse valor é referente a IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza), taxas de funcionamento e publicidade, taxa de fiscalização sanitária e também nos futuros repasses do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
O diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, quer que a empresa apresente os números que comprovem a inviabilidade da unidade de São Bernardo. “Queremos que nessa negociação a Toyota apresente os resultados da planta de São Bernardo para que tenhamos condições de negociar a partir de informações concretas”, pontuou o dirigente.
Segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores), a Toyota fechou o primeiro trimestre do ano subindo ao pódio das montadores com maior número de automóveis e comerciais leves emplacados. A montadora ficou em terceiro lugar, superou a Volkswagen e Hyundai, e ficou atrás somente de Fiat e GM. A Toyota fechou o trimestre com 10,81% de participação no mercado, resultado da venda de 40.492 unidades emplacadas no período (veja ranking).