Está marcado para esta quarta-feira (16/02) um novo protesto de entidades populares e mães que querem mais vagas para creches em São Bernardo. O ato será realizado na Câmara e é o segundo manifesto realizado pelo grupo que agora visa também protestar contra a recepção que tiveram por parte de alguns vereadores no dia 9/02, quando houve o primeiro protesto. Segundo o movimento, os parlamentares Paulo Eduardo Lopes, o Paulo Chuchu (PRTB); Julinho Fuzari (DEM); Ary de Oliveira (PSDB), Alessandro da Silva, o Fran Silva (PSD); Afonso Torres, o Afonsinho (PSDB); e Ivan Silva (PP) ofenderam os manifestantes. A Prefeitura nega a falta de vagas em creches.
De acordo com os manifestantes o movimento da última semana tinha como tema a falta de vagas em creches, já segundo os vereadores o ato tinha cunho político de esquerda. O ato contou com a participação do Movimento de Mulheres Olga Benário, junto com mães da periferia, partidos e entidades da cidade como a Unidade Popular pelo Socialismo, o Projeto Meninas e Meninos de Rua e o Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais). Segundo o movimento, os vereadores que se revezaram na tribuna fizeram discursos ofensivos e preconceituosos.
Allana Mattos, uma das lideranças do Movimento de Mulheres Olga Benário, mãe e moradora do bairro dos Casa, criticou a postura dos vereadores. “Nós fomos até a Câmara fazer uma luta justa que é direito de toda a população e fomos recebidas de forma extremamente hostil, com ofensas misóginas, racistas e inclusive ameaças. Não é, nem de longe, a primeira vez que esse tipo de reação violenta acontece na nossa cidade. Não dá mais para taparmos os olhos diante do avanço do fascismo em São Bernardo, precisamos nos mobilizar”, disse sobre o ato de repúdio.
Paulo Chuchu teria tido que os manifestantes seriam mal educados e ainda disse para que um dos manifestantes que segurava uma bandeira que “a enfiasse no c…”. Procurado pela reportagem, o vereador repetiu a frase. “Quem eu mandei enfiar a bandeira no c… não foi uma mãe foi um cara que estava segurando uma bandeira do PCB. Eu mandei enfiar mesmo e mando de novo. Ele estava com a bandeira do comunismo, que matou muita gente, o pessoal tem que ter um pouco de coração. Mas eles não devem saber nada de história então não devem saber nada sobre comunismo”.
O vereador Ary de Oliveira disse que havia claramente presença de integrantes de partidos, como o PT e o PSol entre os manifestantes. “Era meia dúzia de mães, petistas e do PSol chiando que não tinha vaga em creche, o que não é verdade. São Bernardo tem vaga para todas as crianças nas creches, quem fez a inscrição no tempo hábil teve a vaga garantida, agora aquelas que chegaram depois, ou por transferência, é evidente que têm de se adequar às vagas remanescentes. Quem não fez a inscrição em tempo hábil, eu reitero (o que disse na sessão passada), são relapsas mesmo, não observaram as datas para fazer a inscrição dos filhos nas creches. Mandaram uma meia dúzia perturbar a sessão”.
Abaixo trecho da sessão de (09/02).
O vereador Fran Silva negou desrespeito aos manifestantes, mas também falou em uso político do tema. “Da minha parte não houve desrespeito nenhum, vou levantar as notas taquigráficas para provar. Onde estava esse pessoal no governo do PT que tinha 10 mil crianças na fila de espera só para creche? Agora não tem mais falta de vaga. Onde estavam quando o uniforme escolar era entregue só em agosto? Antes não tinha merenda, era só leite rosa e bolacha, e agora tem comida para as crianças. Eu mantive o controle e não ofendi ninguém. Mas houve desrespeito por parte deles (manifestantes)”.
Julinho Fuzari também falou que pode provar que não ofendeu ninguém. “Qualquer cidadão pode requerer as notas taquigráficas e ver quem fez alguma fala ofensiva ou preconceituosa. Eu também posso dizer que a todo momento estava sendo xingado por eles sem dizer nada. Da minha parte não houve nenhum tipo de palavrão, em momento algum. É claro que algumas falas vão desagradar os militantes da esquerda representados pelo PT e pelo Psol junto com um sindicato que é um braço do PT. Ao invés de se preocuparem em trazerem pautas para melhorar a vida das pessoas, a cada dois anos que tem eleição, como sempre, os partidos de esquerda procuram usar os braços deles para propagar mentira e manipular as massas”, disse o democrata.
O vereador Ivan Silva (PP) que é líder do governo, disse que apenas fez uma fala técnica relatando a situação das vagas e que não ofendeu ninguém, tampouco presenciou ofensas por parte dos colegas. “Ninguém maltratou o pessoal, eles que começavam a gritar quando a gente ia para a tribuna e nós só pedimos silêncio. Disseram que foram fechadas creches, mentira, foram abertas 38 creches conveniadas. Quem perdeu o tempo de fazer a inscrição vai ser atendido, mas está em uma lista de espera, porém o pessoal não queria ouvir, tinha um grupo que ficava tumultuando. Eu não ataquei ninguém, o que eles querem é isso”, explicou.
O RD não conseguiu contato com o vereador Afonso Torres. O espaço permanece aberto para posicionamento.
Prefeitura
Sobre as creches, a Prefeitura nega falta de vagas. “Não há fila de espera por matrículas, tendo em vista que todos os estudantes que manifestaram interesse dentro do prazo estão sendo atendidos. A administração tem adotado, desde 2017, parceria com as entidades do terceiro setor do município para ampliar as vagas de creche. Dessa forma, a Prefeitura efetua repasses financeiros às instituições cadastradas, bem como todo o suporte de merenda, uniforme, material escolar e formação profissional, cabendo às entidades a mão de obra e espaço físico para as aulas. As crianças de 0 a 3 anos, cuja matrícula não é obrigatória, que tiveram as inscrições realizadas fora do prazo da resolução de matrículas para 2022, devem aguardar o processo de acomodação dos alunos para o ano letivo para serem devidamente atendidas”, informa a administração.