Pesquisadores do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Bruno Castro e Rafael Rubim, avaliaram que diante das recentes aplicações feitas, entre 2017 e 2019, no ABC, a indústria automotiva continua sendo a principal responsável pelos investimentos econômicos na região (75% do aporte financeiro), apesar da diversificação dos setores econômicos.
Os pesquisadores explicam que, assim como acontece historicamente, os municípios ainda dependem economicamente das montadoras, a exemplo da GM (General Motors). “Nestes quase três anos (2017-2019), o ABC recebeu pouco mais de R$ 27 bilhões em projetos de investimentos, sendo o maior montante para São Bernardo (R$ 12 bi), seguido de São Caetano (R$ 9 bi), justificado pelas montadoras presentes existentes nas cidades e que atraem investimentos”, explica o mestrando em Políticas Públicas pela UFABC (Universidade Federal do ABC), Rafael Rubim.
Neste período, Santo André recebeu cerca de R$ 4 bilhões de investimentos, Mauá quase R$ 1 bilhão, Diadema R$ 100 milhões e Ribeirão Pires pouco mais de R$ 30 milhões. O destaque negativo ficou por conta de Rio Grande da Serra, que no referido período não recebeu aportes de projetos de investimento.
Em entrevista ao RDtv, os pesquisadores avaliam que apesar dos fatores positivos com o chamariz para o setor automotivo, se faz necessário a promoção de políticas públicas para diversificação da matriz econômica na região: “O ABC é uma potência em termos de formação de mercado consumidor em uma diversificação de projetos de investimentos, porém, os montantes monetários são ainda muito concentrados na indústria, principalmente a automobilística”, avalia Bruno Castro, professor do Centro P. Souza e Consultor de Educação Corporativa da FGV.
Segundo ele, seria possível despontar outros setores, desde que houvesse aplicação. “Conseguimos despontar na indústria, comércio, infraestrutura e serviço, mas a indústria automobilística foi a maior responsável pelos investimentos na região, principalmente por conta das montadoras”, salienta ao frisar que apesar da desindustrialização, ameaças de encerramento das operações, cortes de investimentos e até demissões de funcionários, o setor automotivo continua sendo o chamariz dos investimentos locais.
Uma saída, na visão dos pesquisadores, são as agências de promoção de investimentos, que podem agregar maiores aplicações para municípios e/ou região. “Quando as agências ganham status estratégico dentro de um governo, passam a trazer diversas externalidades positivas, como: aumento da competitividade na atração de investimento, capital estrangeiro não especulativo, capital político, aumento do PIB, melhoria na balança de pagamentos, transferência de habilidades e tecnologia, emprego e renda”, concluem.