Moradores do Zaíra 4 relatam impactos da falta de água na região

Após denúncia realizada no último sábado (22/01) ao Repórter Diário, moradores da área mais alta do Jardim Zaíra 4 reclamaram que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) realizou abastecimento de água somente na madrugada de sábado para domingo. Nesta segunda-feira (24/01), as torneiras das residências da rua Manoel Nascimento e Viela 70, já não contam com o abastecimento da empresa. O problema dificulta a vida dos moradores, que relatam as dificuldades vividas na região.

Jéssica Pereira de Souza, responsável pela reclamação do último sábado, conta que na semana anterior ficou oito dias sem água e nesta semana faz economia do pouco que chegou à residência no domingo. “Moro na região mais alta do Zaíra e a água não tem força para encher as nossas caixas. Como eu não sei quando seremos abastecidos novamente, estou guardando a água que usei para lavar as roupas e vou utilizar nos banheiros e na limpeza da casa, por exemplo. Agora só lavo roupa de novo, quando a água voltar”, afirma.

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(Foto: Divulgação)

Souza mora com o marido e não tem filhos, e afirma que por isso sofre menos que as vizinhas que estão com crianças em casa. É o caso da moradora Jociene Serafim, que vive a falta de água com a filha de nove anos e o marido. “Eu sou a chata da casa, porque monitoro o banho dela e fico de olho para que dê a descarga somente quando necessário”, conta. E a economia não fica só no banho. “Eu junto a louça e lavo tudo de uma vez, enxaguando com o mínimo de água possível e as roupas agora vou lavar somente quando voltar a água da rua”, diz.

Por conta do problema, Mayara Santos, que mora com a filha de sete anos, pediu abrigo para a avó, moradora da Vila Magini. “Fiquei cinco dias lá na semana passada. Com um calor desses e com criança em casa, não dá pra ficar sem água. Nem caminhão pipa eles enviaram. A gente reclama, vem o pessoal da Sabesp e só olha. O problema nunca é resolvido e o pessoal da parte de cima do bairro sempre fica sem água”, relata.

Moradores da parte baixa do bairro socorrem os vizinhos com frequência. “Eles ajudam, mas é chato isso, todo mundo paga a água. Lavo a louça em bacia, tomo banho de caneca e com algumas garrafas consigo fazer a comida. Isso é muito complicado”, afirma Santos.

Outra moradora, Laudicéia de Souza Moraes, vive com os dois filhos, de 6 e 9 anos, além do marido e da cunhada, e se preocupa com a higienização da residência. “Estou com covid e faltou água por oito dias, no domingo não encheu a caixa d’água, e eu estou sem água para a limpeza da casa e das roupas. Isso é um descaso”, conta a moradora que afirma viver em uma luta constante e também consegue água com vizinhos ou parentes, e algumas vezes compra. “E os meus débitos com a Sabesp estão em dia”, diz.

Caminhão Pipa

Também no Jardim Zaíra 4, Éder Santos, de 27 anos, é morador da rua Doutora Áurea Oliveira da Silva, e também sofreu com a falta de água na última semana. Nesta segunda-feira (24/01), Santos recebeu abastecimento da Sabesp, por meio de caminhão pipa. “Ficar dez dias sem água é muito complicado. A empresa veio aqui hoje com o caminhão pipa e disse que vai abrir a rua para verificar o problema. Espero que resolva”, afirma. “Chega a ser desumano, só hoje consegui tomar banho de chuveiro”, conta.

Nos dias sem água, Santos também contou com a ajuda de vizinhos e armazenou em baldes e garrafas. “É muito complicado se deslocar com garrafas e baldes. Usamos água pra tudo, é uma necessidade básica, impossível ficar sem”, conclui.

Sabesp

Sobre a rua Doutora Áurea Oliveira da Silva, no Jardim Zaíra 4, a Sabesp informa em nota que a via está localizada em uma região que registra alto número de moradias ilegais, com ligações irregulares e por estar na parte alta da cidade sofre interferências no abastecimento. “Equipes estão constantemente no bairro para realizar ações que minimizem as intermitências no fornecimento de água aos moradores, inclusive abastecendo imóveis por meio de caminhão-pipa nesta segunda-feira (24/01) e atuando diariamente no local até a solução do problema”, informa.

Em relação à rua Manoel Nascimento, Viela 70, no mesmo bairro, a Sabesp informa que na última sexta-feira (22/01) promoveu vistoria e constatou que o desabastecimento de alguns imóveis “ocorreu devido a problemas no Sistema de Bombeamento Laranjeiras. O abastecimento foi normalizado, mas a falta d’água ainda pode ocorrer pontualmente em razão da existência de ligações irregulares”, explica a Sabesp, em nota. A Companhia informa ainda que a região será contemplada pelo Programa Água Legal, iniciativa que regulariza o abastecimento em áreas informais, solucionado definitivamente o atendimento da região. “A Sabesp pede desculpas pelos transtornos e segue à disposição dos clientes pelos canais de atendimento: telefones 195 (emergências) e 0800 055 0195 e Agência Virtual no site www.sabesp.com.br“, finaliza.

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