Um dos principais impactos que a pandemia causou foi a mudança de rotina da sociedade. Enquanto grande parte das empresas passou a atuar remotamente – devido ao isolamento social – muita gente mudou o estilo de trabalho e de consumo, agora com gastos mais compulsivos devido a grande oferta de produtos na web. Pesquisa publicada na 20ª carta do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo, Inovação e Conjuntura da USCS (Conjuscs) mostra o novo comportamento dos consumidores.
O estudo mostra que o consumidor das cidades que compõem o ABC, a partir das restrições impostas pelo isolamento e distanciamento social, busca nas compras online o meio para satisfazer as necessidades, no entanto, agora com uma percepção de que os gastos com as despesas estão maiores. “Isso devido à aceleração do processo inflacionário que estamos vivenciando”, explica o mestre em Administração, Comunicação e Educação, Antonio Aparecido de Carvalho, que é também um dos professores responsáveis pela pesquisa.
Segundo Carvalho, a despeito da reabertura do comércio, uma parcela da amostra da pesquisa passou a dar preferência para as compras efetuadas nas plataformas digitais, comportamento este que deve ser mantido mesmo após a pandemia, avalia o professor. “Cerca de 172 pessoas entrevistadas para a pesquisa sentiram que a pandemia trouxe esse comportamento mais compulsivo. Assim, as compras não são somente para satisfazer as necessidades, mas também os desejos, um fato preocupante que pode levar a gastos desnecessários e inadimplência”, avalia o docente.
Questionados quanto ao comportamento das compras durante os períodos de isolamento e distanciamento social 44,6% (180) buscaram suprir as necessidades com compras unicamente online, 29,7% (120) fizeram as compras parte online e parte presencial, apesar do receio de contrair o vírus. Já quando questionados se os gastos aumentaram devido à pandemia, 75,2% (304) afirmaram que sim, sobretudo devido ao aumento dos preços dos produtos e serviços, sentidos desde o início da pandemia até os dias atuais, principalmente nos alimentos, energia elétrica e combustíveis.
Apesar de a maior parte das pessoas estar vacinada e o comércio e serviços estarem funcionando na forma presencial com as devidas medidas de segurança, 22 respondentes (5,4%) preferem continuar realizando suas compras somente em lojas físicas. Devido as consequências da pandemia nos hábitos do consumidor, 42,6% (172) assumem que passaram a ter um comportamento de compra compulsiva, principalmente de roupas, calçados e alimentos prontos, mesmo com preços mais altos.
O docente frisa que 6,3 milhões de brasileiros efetuaram a 1ª compra online no primeiro semestre de 2021 (período de pandemia), fato que mostrou e fez com que as empresas buscassem aprimorar seus aplicativos, criassem estratégias para propiciar maior agilidade na entrega de produtos e adotassem ações mercadológicas para captar novos clientes e a fidelização dos consumidores já existentes. “A pesquisa de campo demonstrou que as facilidades encontradas nas compras remotas, são motivos para que os consumidores robusteçam a prática mesmo após retorno das vendas presenciais”, afirma.
Segundo o docente, com a facilidade demonstrada aos consumidores, o mesmo poderá ocorrer com o uso de aplicativos de bancos e outros serviços, desde que estes facilitem a vida da sociedade para atendimento das necessidades. “Se o serviço não causar um gasto compulsivo e não for burocrático, será uma excelente via para captar novos clientes e assim gerar a fidelização daqueles consumidores já existentes”, frisa.