Os cuidados paliativos, assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que visa melhorar a qualidade de vida do paciente, são cercados de mitos. No RDtv desta quinta-feira (4/11), Ana Carolina Capuano, médica de clínica geral e coordenadora do serviço de cuidados paliativos do Hospital Brasil, da Rede D’Or São Luiz, desvenda os principais mitos e esclarece dúvidas em relação a esses cuidados.
Em sua fala inicial, a médica aponta a ideia de que os cuidados paliativos são “destinados às pessoas em fase terminal”, como o principal mito a respeito dos mesmos. “O cuidado paliativo vai mudar o foco do tratamento. Há um desfoco na doença para focar mais na pessoa. Quando entramos com o cuidado paliativo é porque há sim muito o que fazer”, afirma.
Ana Carolina ressalta que esses cuidados acabam aplicados, na maioria das vezes, em casos que o paciente possui uma doença incurável. No entanto, a indicação é que eles entrem logo no início de uma doença ameaçadora à vida. “O cuidado paliativo abrange todas as dimensões do ser humano. A nossa avaliação é baseada em aspectos psicossociais, físicos e espirituais, desde o diagnóstico até o final”, explica.
Quando iniciados no início do diagnóstico de determinada doença, os cuidados estão mais ligados ao controle de sintomas e apoio ao tratamento. Ao decorrer da doença, o cuidado paliativo passa a aumentar. “E esse controle de sintomas fica como o foco principal do paciente”, diz. “É importante salientar que não aceleramos e nem postergamos a morte”, completa.
Capuano conta que, para a introdução do cuidado paliativo ao paciente e sua família, há uma abordagem diferente. “Precisamos entender a vida desse paciente, o que ele irá sentir, quais são os seus valores. Há um contato muito mais íntimo e presente para alinhar esse tratamento”, destaca.
A médica enfatiza que, durante o planejamento terapêutico, é preciso deixar claro que o tratamento não trará qualidade de vida ao paciente, uma vez que não mudará a doença de base. “Quando falamos nessa questão, é para evitar o sofrimento e evitar o prolongamento no processo da morte, algo que já está instalado”, frisa.