
*Milton Bigucci
No período de pandemia da covid -19 o governo criou o salário emergencial para os mais necessitados. Descobriram depois que milhares não era enquadrados como necessitados, receberam sem precisar. Enganaram o governo e a nós, que pagamos a conta. Na segunda fase emergencial já foram bem menos, pois os que eram ilegais já não se apresentaram. É lamentável, mas até nisso tem bandalheira.
As prefeituras, em geral, deveriam criar milhares de trabalhos e funções para essa população, que vive na linha da pobreza e que já está perto dos 15% da população urbana do País.
Na minha cabeça, eu sempre achei e falei que os governos poderiam ajudar mais, pedir uma contrapartida de quem recebe uma ação social, fazer o povo pobre trabalhar em atividade social, fazer jus à ajuda. Só deveria receber o emergencial quem realmente precisasse, os deficientes, os idosos e quem não pode trabalhar em nada.
Em momentos de crise, como a que tem passado, nada melhor para ajudar e ensinar a população. Mais gente estaria integrada à cidadania. Além da ajuda, educar as pessoas. O brasileiro quer trabalhar e receber honestamente a a receita mensal. Não precisa de esmola.
As empresas também devem cada vez mais ajudar na inclusão social. Se cada uma fizer a sua parte, teremos um Brasil melhor. O problema maior está na máquina pública, pois a maioria dos governos não mexe nesses custos. É uma máquina inchada, burocrática e ninguém tem coragem de mexer. É a chamada reforma administrativa. Comparem os salários, as receitas dos funcionários públicos e da população em geral e verão o que digo. Quem paga a conta somos nós todos.
Comparem, também, a quantidade de pessoas usadas para produzir, manter ou aumentar a burocracia. Comparada à iniciativa privada é um custo absurdo pago por nós. Só não vê quem não quer. Há dezenas de anos é assim. Tenho esperado para ver e ninguém tem peito de mexer.
Atenção especial deve ser dada também aos jovens da periferia para que eles não cresçam ociosos e sem expectativa. Cada um de nós tem de fazer a sua parte. As futuras gerações comandarão o País e não se dá a devida importância. Há muita evasão escolar e, com a pandemia, piorou. Jovens até 30 anos de idade, 25% não completaram o ensino fundamental e apenas 13% cursaram o ensino superior.
Estou há 60 anos no ramo da construção civil, segmento que representa de 5% a 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e que gerou, em 2020, milhões de empregos formais. Levando-se em conta a cadeia produtiva de serviços e bens, o nosso segmento representa 40% de tudo que se produz no País. Só perdemos para a agroindústria.
A construção civil é, por excelência, uma geradora de empregos no País, aproximadamente, 12,5 milhões no total. Gera empregos múltiplos na economia. A cada 10 gerados, são criados outros 5 indiretos. O grupo é composto de construção (61%), materiais (20%), serviços (5%) e outros.
Com toda a pandemia o mercado imobiliário vendeu, somente no ano passado, 10% a mais que em 2019. Infelizmente, a alta excessiva dos preços de materiais tem prejudicado o segmento. Mas estamos no caminho certo, produzindo.
Outro problema básico importante que temos para resolver é o da Educação. A básica, principalmente a pública, é fraca. Essa baixa qualidade vai repercutir no futuro na produtividade do País e no seu desenvolvimento social e econômico. O Brasil investe em educação 5% do PIB, número razoável, porém mal utilizado, pois a qualidade é ruim, ensino carregado de viés ideológico, político e improdutivo.
Não há de se culpar os valores financeiros, mas a qualidade do ensino. Acabem com o viés ideológico e se concentrem no conteúdo básico. Há jovens que se formam e não sabem o mínimo da gramática portuguesa, das quatro operações matemáticas ou de sociabilidade.
O que falta é uma melhora da qualidade. Essa nova geração é quem vai comandar o Brasil no futuro. Precisamos pensar nisso. Infelizmente está mal. Percebo isso, diariamente, nos testes de emprego. A qualidade está ruim. Temos de colocar forças no País, na educação e melhorar esse nível. Que bom seria se as pessoas entendessem a importância de um ensino de qualidade, para todos e em especial para o Brasil. Temos que unir forças com esse objetivo.
MILTON BIGUCCI é presidente da Construtora MBigucci.