Localizada no mesmo endereço desde 1999, a Casa do Hip Hop, na rua Vinte e Quatro de Maio, bairro Canhema, em Diadema, foi reaberta no sábado (19/6), após quatro meses de revitalização. Um dos primeiros espaços dedicados ao gênero na América Latina ganhou evento tímido para celebrar a nova fase com a presença de Nelson Triunfo, dançarino de breaking, e do rapper Rappin Hood.
Enquanto Triunfo ensaia alguns passos de break com amigos de longa data, Hood troca ideias e tira fotos com jovens na casa dos seus 20 anos. Já nas pick-ups, o rap de várias gerações se mistura com as palmas das rodas de capoeira e com o som do spray dos grafiteiros que terminam de decorar o ambiente.
O local foi concebido justamente para tornar comum encontros como o da lenda do break com um dos cânones do rap nacional. Mas a vibração é nova. Abandonada por praticamente oito anos, a Casa do Hip Hip acaba de renascer após uma intensa mobilização.
A nova fase do local pretende fazer valer o que sempre lhe deu fama e ir além da música, da dança e do grafite. Por se tratar de um dos templos sagrados da cultura de rua do País, a Casa se tornou destino obrigatório não só de nomes consagrados, mas também serviu de abrigo para acolher e dar visibilidade a incontáveis artistas periféricos que talvez jamais conseguiriam oportunidade longe dali.
Triunfo diz que a casa inspirou muitas outras casas no Brasil e no mundo e colocou Diadema como referência no gênero. “Infelizmente passamos por tempos difíceis recentemente. Costumo dizer que depois de um tempo “rebaixado”, estamos voltando para a primeira divisão”, comemora Triunfo, ao lembrar o estado deplorável em que encontraram o espaço no final do ano passado.
À frente da reformulação da casa – que ganhou pintura, fiação, sistema de som, portas e janelas novos, além de total repaginação estética – está Jean, filho de Triunfo, a quem também caberá missão de tornar o lugar o principal centro sócio-cultural da periferia de Diadema, inclusive de olho na diversidade.
“Eu fico emocionado, porque desde os meus três anos eu venho aqui. Eu cresci aqui dentro. E é um orgulho imenso poder estar entre todo mundo que batalhou para reabrir este lugar e que vai continuar batalhando para recolocar a Casa do Hip Hop como referência não só para Diadema como para muitos outros lugares”, relembra.