As reclamações sobre a fuligem em residências vizinhas do Polo Petroquímico chegaram ao Ministério Público (MP). O problema virou alvo de uma nova ação do promotor público José Luiz Saikali. Em entrevista ao RDtv nesta segunda-feira (24/5), Saikali relatou sua visão sobre o assunto e disse que existe uma “falta de transparência” para que se descubra tanto a origem do problema quanto suas possíveis soluções. Além disso, deu detalhes sobre a tentativa de processo que acabou não aceito na 2ª Vara Cível de Santo André.
A tutela de urgência foi protocolada no dia 20 de abril e levava em conta todas as reclamações oriundas dos moradores do entorno, principalmente das áreas pertencentes aos municípios de Mauá e Santo André. Porém, a condução do processo acabou gerando estranheza para Saikali.
“Essa é uma questão, no meu ponto de vista, diferente. Eu ingressei com a ação e eu peço a tutela de urgência. O juízo tinha que se valer das minhas informações para deferir ou indeferir, ou pedir alguma complementação. Mas o que aconteceu neste processo, uma coisa muito incomum. Antes que entrasse com o processo, as três empresas entraram com contestação, é uma manifestação fora do tempo, eles adiantaram uma manifestação sem que eles tivessem sido citados, eles atravessaram esse tempo”, relatou.
Segundo o promotor, as empresas do Polo Petroquímico relataram que o problema tinha cessado, porém, sem a apresentação da origem ou mesmo sobre qual tipo de material formava a fuligem preta e oleosa relatada pelos vizinhos e que estudos apontam a suspeita de que tal poluição seria a causa dos casos de Tireoidite de Hashimoto, alvo de uma outra ação que está na Justiça desde 2018.
Em entrevista ao RDtv em 13 de maio, os representantes do Cofip ABC, Carlos Barbeiro e Francisco Ruiz, relataram que os estudos feitos nos laboratórios do Polo não detectaram na fuligem qualquer tipo de material oriundo das empresas, mas ressaltaram que o laboratório não estava preparado para fazer uma leitura completa e que isso precisaria passar por uma investigação mais detalhada por outro órgão técnico. Além disso, sempre negaram que o problema tinha origem nas empresas do Polo.
Tal indicação unilateral também chama a atenção de Saikali que quer uma investigação independente sobre o assunto. “Toda vez que pedimos para que seja feita uma investigação independente eles (Cofip) falam que não precisa. Para mim isso mostra total falta de transparência”.
Questionado sobre as ações de vereadores dos legislativos de Mauá, São Paulo e Santo André, o promotor afirmou que sua ação não é política, mas que caso receba outras informações poderá acrescentar ao processo de maneira separada.