Fuligem preta oleosa, e problemas de saúde e meio ambiente. Esses fatores viraram motivo para reclamação de moradores das divisas da Capital com Mauá e Santo André, e que envolvem o Polo Petroquímico do ABC. Tal situação será tema de uma audiência pública na Câmara paulistana e que será retransmitida pelo Legislativo andreense nesta quinta-feira (29/4), às 10h, para entender a origem do problema e encontrar uma solução sobre tal caso.
A iniciativa do evento é do vereador Alessandro Guedes (PT), morador da Zona Leste e que recebeu uma série reclamações sobre o Polo. “A Associação de Moradores de São Mateus, Parque São Rafael, Jardim Rodolfo Pirani, Jardim São Francisco, a divisa com Mauá e Santo André me procuraram falando da poluição que tinha sido gerada pelo Polo Petroquímico e essa situação do estudo elaborado pela Drª Maria Ângela (Zaccarelli Marino, endocrinologista) que tinha mostrado o aumento considerável da tireoidite crônica aguda (doença que pode ser provocada por fatores ambientais em decorrência do Polo) nas pessoas que vivem nessa região. Pesquisamos muito sobre isso e como eu sou vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara então pedimos essa audiência pública. Conseguimos muita mídia sobre isso e agora essa audiência para entender e buscar soluções sobre essa situação”, explicou.
Neste evento foram convidados ambientalistas, moradores, representantes do Polo Petroquímico, o presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), Carlos Bocuhy, o ex-períto do Ministério Público Estadual, Federal e do Ministério da Saúde, Elio Lopes dos Santos, e representantes da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), sendo que ainda foram pedidos dados de reclamação contra o Polo nos últimos cinco anos.
Quem também participará do encontro é o vereador andreense Ricardo Alvares (PSOL) que também recebeu uma série de reclamações sobre aumento de poluição. “Esse tipo de reclamação sempre houve, acho que existe um aumento. Não se o fato de o assunto ter sido muito debatido ultimamente tenha potencializado essa visão, mas queremos entender o que está acontecendo. O objetivo não destruir o Polo Petroquímico, nada disso, mas queremos achar uma solução, um bom senso para isso. Essas questões ambiental e de saúde são muito importantes”, relatou.
Reclamação e fiscalização
A principal reclamação sobre o Polo Petroquímico é baseada no aumento da presença de uma fuligem preta oleosa nos bairros no entorno. Segundo o Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC (Cofip ABC), desde as primeiras informações sobre o assunto a entidade “tem empreendido todos os esforços ao seu alcance para identificar a origem dessas emissões atmosféricas”.
As 16 empresas associadas redobraram as verificações de todos os seus processos, “não tendo encontrado nenhuma anormalidade que pudesse justificar tal situação” e lembro que a região em que está instalada conta com diversas outras indústrias dos mais diversos setores produtivos.
E que “a fuligem preta oleosa retratada pelos moradores não é característica de qualquer emissão das empresas associadas ao Cofip ABC. Não há nenhum processo industrial das 16 empresas associadas ao Cofip ABC que justifique emissões na magnitude observada desde outubro do ano passado”, seguiu a nota.
O Cofip ABC confirmou que recebeu reclamações oriundas do Parque São Rafael, na Capital, e dos bairros Jardim Silvia Maria e Sônia Maria, em Mauá, sobre o assunto. Em relação a audiência pública houve o convite do Legislativo paulistano para os diretores, por meio de ofício, mas a participação não foi confirmada até o momento.