ABC - sábado , 18 de maio de 2024

Morador de Mauá recebe segunda dose da vacina contra covid de marca diferente

Comprovante de vacinação mostra a troca de vacinas. (Foto: Reprodução)

Em menos de quatro meses de vacinação contra a covid-19, na região do ABC já aconteceu de tudo em relação às vacinas, primeiro, em janeiro, foram furtadas duas doses da Coronavac em Diadema, depois, na última semana cinco crianças foram vacinadas em Diadema com a vacina contra o novo coronavírus no lugar da vacina da gripe, agora o incidente mais recente aconteceu em Mauá. Veio à público nesta terça-feira (20/04) que um funcionário da saúde recebeu no dia (19/03) como segunda dose uma vacina diferente daquela ministrada na primeira. A prefeitura informou que ele terá que tomar uma terceira dose do imunizante e que esta deverá ser igual o ministrado da primeira vez.

O servidor, cujo nome não será divulgado, recebeu no dia 27 de janeiro a primeira vacina que foi a AztraZeneca, do laboratório indiano Serum; quando o profissional de saúde foi receber a segunda dose, em 19 de março, recebeu a a Coronavac, do laboratório chinês Sinovac e envasado no Butantan. A situação chegou às redes sociais e o ex-prefeito Atila Jacomussi (PSB) publicou a foto do comprovante de vacinação na sua rede social. A prefeitura, hoje sob gestão do petista, Marcelo Oliveira, sustenta que a situação se transformou mais em uma questão política do que de saúde. “A Secretaria de Saúde de Mauá lamenta também o uso político do fato e a falta de escrúpulos das pessoas que expuseram na internet o nome do profissional”, informou a prefeitura em nota.

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Em resposta ao caso a prefeitura disse ainda que o funcionário da saúde foi orientado e que vai acompanhar o caso. “A Secretaria de Saúde de Mauá lamenta o ocorrido e está seguindo todos os passos previstos no manual de aplicação dos imunizantes, distribuído pelo governo estadual. A pessoa que recebeu a segunda dose de um fabricante diferente em relação à primeira dose é funcionário da prefeitura na área da saúde e está sendo acompanhada. Ele foi orientado a concluir o esquema vacinal com o mesmo imunizante da primeira dose em 14 dias. Informamos que o erro foi identificado imediatamente após a aplicação da dose. A auxiliar de enfermagem responsável pelo atendimento explicou ao funcionário da saúde os procedimentos que deveriam ser adotados. Ele entendeu que não teria complicações clínicas e não esboçou críticas ao ocorrido”.

O médico pneumologista Elie Fiss, da Faculdade de Medicina do ABC, não vê problema no ocorrido, exceto por uma vacina a mais que poderia ser dada a outra pessoa. “Não se sabe ainda o que acontece, mas não vejo problema, esperamos que dê tudo certo para essa pessoa”, comenta. O especialista diz que esse caso deve mesmo ser acompanhado, dentro de um estudo sobre como o organismo irá reagir. “É um caso interessante para dosar anticorpos. Mal, eu acho que não fará nenhum”, disse.

“A exemplo do que ocorreu em outros municípios, nos quais a vacina do coronavírus foi administrada no lugar da influenza, a troca da vacina de Oxford pela do Butantan pode ser uma oportunidade de se avaliar a resposta à vacina, assim como segurança, apesar de estar limitada a poucos casos. A ciência deve estar presente nestas situações e pode acelerar o conhecimento”, diz a infectologista Elaine Monteiro Matsuda.

O infectologista e membro da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) Marcio Nehab, também descartou qualquer problema com a troca de vacinas. Ele também seguiria o mesmo rito que a prefeitura de Mauá adotou. “Eu não vejo o menor problema, a Inglaterra já está fazendo isso entre Oxford e Pfizer, eu faria o mesmo (terceira dose) de uma ou de outra. Duvido que dê algo errado”, sustentou.

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